Interfaces Ruínas

A década pós-olímpica: revisitando os “Legados Urbanos” no Rio de Janeiro

Coordenação: Clarissa da Costa Moreira

Pesquisadores: Guilherme Rodrigues, Clarissa Moreira, Beatriz Corbacho

 

O Rio de Janeiro foi palco de dois dos maiores eventos esportivos do mundo: a Copa do Mundo FIFA 2014 e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. Esses eventos foram marcados por investimentos massivos em infraestrutura urbana e equipamentos esportivos, com promessas de deixar um “legado” para a cidade, ou seja, uma herança positiva a partir de toda a infraestrutura criada e da movimentação social, econômica e financeira ao redor dos eventos. Mais do que simples celebrações esportivas, eles foram apresentados como oportunidades históricas de reposicionar o Rio no cenário internacional, modernizar sua estrutura urbana e atrair novos fluxos de capital e turismo[1].

Este artigo examina os impactos urbanos posteriores aos megaeventos, destacando os benefícios, os desafios e as críticas associadas à sua execução, com foco no estado atual do plano de legados, retomado nos últimos três anos após quase uma década de espera. Para tal, foi revista a documentação inicial oficial da candidatura e dos projetos urbanos realizados, a crítica produzida à época além de acompanharmos na mídia oficial e em artigos acadêmicos, a trajetória que vai desde antes dos eventos até a retomada dos equipamentos pela Prefeitura do Rio de Janeiro, em 2021. Consultamos ainda exemplos da produção bibliográfica internacional a respeitos dos legados. A pesquisa foi baseada em revisão bibliográfica e visitas de campo. Foram analisadas as propostas e as principais críticas aos megaeventos como exemplo de Olimpíadas posteriores e seus avanços, retrocessos ou permanências, incluindo a análise de material gráfico/ cartográfico produzido neste contexto. Os textos principais foram pesquisas acadêmicas (mestrado/ doutorado), artigos de jornais, livros, material governamental e de instituições independentes.

O objetivo das visitas de campo foi compreender o contexto urbano atual de inserção destas edificações, sua situação de conservação e uso, avaliando ainda as modificações do sistema viário, seu funcionamento, realizando ainda pesquisa junto à população residente a fim de avaliar o impacto destas infraestruturas. Foram produzidos ainda, formulários de pesquisa para buscar atingir população local, usuários, funcionários e gestores

Partiu-se da análise da situação atual do conjunto de edificações construídos como parte dos megaeventos cariocas e das grandes reformas urbanas realizadas, a fim de avaliar o processo de absorção social daqueles investimentos e obras e sua contribuição à qualidade de vida e mitigação de desigualdade sócio-econômica na cidade. Buscou-se ainda confrontar os achados à crítica existente aos legados de megaeventos anteriores no cenário internacional e à análise da preparação de Paris 2024 à luz deste estudo.

 

O período pós-olímpico

 

Os anos que se seguiram aos Jogos Olímpicos cariocas foram marcados por uma importante crise multidimensional sobretudo política, econômica e social[2]. Na experiência cotidiana da cidade, percebeu-se um aumento vertiginoso da população de rua. O cenário político-emocional geral pode ser descrito como pós-catastrófico. De fato, revisitando a mídia e principalmente as redes à época, a profusão de críticas e acusações em torno dos megaeventos era a tônica.  No entanto, recente estudo econômico sobre os impactos dos Jogos Olímpicos traz uma avaliação positiva de todo o processo afirmando que os projetos finalizados para a realização dos Jogos “foram indutores de atividade econômica em valores expressivos. Segundo o estudo, “verificou-se um impacto sobre o município do Rio de Janeiro de R$ 99 bilhões sobre o Valor Bruto da Produção, R$ 51 bilhões sobre o PIB, R$ 4,7 bilhões sobre a arrecadação de impostos, R$ 32 bilhões sobre a renda das famílias e mais de 413 mil empregos gerados.” A metodologia leva em consideração “efeitos multiplicadores dos encadeamentos a montante e a jusante” e a “série de benefícios socioeconômicos para a população, seja através do fornecimento dos serviços públicos requisitados pelos projetos, seja pela criação de novos empregos e a elevação da renda das famílias, que se traduziram em um aumento de seu potencial de consumo e bem-estar”[3].

Estudos econômicos internacionais divergem sobre a positividade dos impactos das Olimpíadas, mesmo quando as contas parecem boas, alegando que os cálculos são feitos de forma a excluir grande parte dos gastos públicos das contabilizações, “superestimando ganhos e subestimando gastos”[4].

Em um estudo de 2013, conclui-se que tem havido positividades em relação ao impacto turístico não só durante o evento, mas na colocação das cidades sede no ranking mundial, com destaque para Barcelona e Seoul[5]. No caso do Rio de Janeiro, houve uma reinscrição da cidade no circuito turístico mundial e um incremento sensível no turismo, que segue aumentando nos últimos anos. Portanto, para além de sua lucratividade econômica e financeira, à luz da experiência de crise posterior, como avaliar os impactos dos legados urbanos olímpicos?

As críticas aos impactos sociais, econômicos e ambientais dos megaeventos se amplificaram no s últimos anos no panorama internacional e a massa crítica de estudos produzidos, além de mobilizações políticas contrárias, vem influenciando o padrão e propostas urbanísticas das Olimpíadas mais recentes, como no caso de Londres e Paris. Grande ênfase vem sendo dada com relação aos processos de expulsão de moradores de áreas de interesse imobiliário, a desigualdade na alocação de recursos urbanos e a produção de equipamentos que rapidamente se tornam os tão falados “elefantes brancos”. No caso londrino, avaliações posteriores analisam o aspecto momentâneo dos efeitos dinamizastes olímpicos sobre a economia e o quanto as populações locais acabam sendo alijadas destes efeitos, por terem dificuldade em se manter no local. [6]

 

 

 

Legados olímpicos?

De fato, a ideia de um legado olímpico começa a assumir importância crescente no discurso em torno das cidades anfitriãs no final da década de 80, as olimpíadas de Seoul sendo apontadas como uma das primeiras vezes em que os Jogos foram explicitamente utilizados como motor de regeneração urbana em escala sistêmica, implicando em uma forte política de remoção de habitação considerada ilegal ou improvisada[7].

No caso especifico das Olimpíadas do Rio de Janeiro, a ideia de um legado parece buscar amenizar o que esses grandes eventos tiveram de exclusivo enquanto investimento urbano e sócio econômico. Mais que um legado planejado, situado em aéreas da cidade que de fato demandassem esse tipo de investimento vultuoso, podemos falar de destinações “forçadas” em locais de interesse imobiliário

que não coincidem com as demandas urbanas cariocas, seguidos de uma busca de reapropriação e mitigação a posteriori, onde investimentos públicos em lazer, mobilidade, atividades sócio culturais, ambiente e qualidade urbana tão negligenciadas na cidade, necessariamente acabam por ser reabsorvidas por uma população carente de cuidados. Entretanto, esse processo quase sempre exige novos aportes vultuosos para que a conversão seja de fato viabilizada.

Um exemplo eloquente foi o conceito proposto pela Prefeitura de uma arquitetura “ nômade”[8]. Por ter implantado os equipamentos olímpicos em locais que atendiam às demandas de valorização imobiliária dos grupos de poder corporativo imobiliário, desenvolveu-se a ideia de uma arquitetura desmontável, ou seja, que posteriormente pudesse ser reimplantada onde necessário, mitigando o impacto de sua localização em regiões que não necessitam deste tipo de aporte, como veremos posteriormente com a transformação de arenas em escolas, com o material utilizado sendo transferido para outros bairros. A Prefeitura buscou capitalizar em cima da ideia sem que se debatesse a questão de fundo, ou seja, porque situar as Olimpíadas majoritariamente numa região relativamente isolada do resto da cidade e de difícil acesso aos bairros populares?

Dimensão urbana

Para analisar de forma mais ampla as questões urbanas, políticas e sociais envolvidas, é necessário contextualizar a política urbana focada em megaeventos que passou a nortear as transformações estruturais do Rio de Janeiro desde os anos 1990.

De fato, na década de 90, a cidade viveu um renascimento urbanístico influenciado por ideias e

modelos críticos à herança do urbanismo moderno (Novais, 2014) e alinhado às ideias nascentes à época e ainda válidas, baseadas na globalização e na concorrência entre cidades (Sassen 1998), num âmbito político econômico mundial de enfraquecimento do princípio de um Estado de bem estar social. A governança urbana passava a ser “ativadora” de processos de dinamização econômica na cidade e os grandes eventos surgem como “grandes catalisadores” deste processo.

Em 2004, a cidade havia apresentado uma candidatura para os Jogos Olímpicos, onde a sede por fim escolhida foi Atenas. Naquela oportunidade, o projeto de organização espacial se centrava sobre a Ilha do Fundão e buscava dinamizar uma região carente de investimentos públicos, serviços e infraestrutura urbana.[9]  Segundo o urbanista  Guilherme Silvestre, no plano  geral de 2004 [10] era previsto que as  instalações olímpicas seriam incorporadas ao patrimônio da UFRJ, estratégia que poderia ter evitado a especulação imobiliária e garantido usos permanentes vinculados ao ensino, à pesquisa e à inovação. A proposta previa também a urbanização das favelas de Nova Holanda e Maré, que então contavam com 62 mil habitantes e a despoluição da Baía de Guanabara. Naquele momento, a Barra da Tijuca era apontada como uma opção preferencial, por apresentar um entorno com qualidade paisagística maior e facilidade de comercialização posterior do estoque imobiliário produzido. A lógica imobiliária, portanto, prevaleceu sobre a lógica redistributiva, consolidando a região como epicentro das futuras transformações urbanas ligadas aos Jogos.

Do ponto de vista do projeto de urbanismo, havia uma forte influência da experiência de Barcelona como sede olímpica em 1992[11], com a contribuição direta de consultores que atuaram naquele processo. Esta influência foi duradoura, se mantendo sobre o pensamento urbanístico carioca nas última três décadas, norteando o modo de intervir na cidade e definindo os objetivos amplos do urbanismo local. mas influenciando também propostas nos anos 90 como Rio Cidade[12] e mesmo o programa Favela Bairro, onde a intervenção arquitetônica e urbana era entendida como necessariamente parcial, ou seja, circunscrita a perímetros de atuação e influência e potencializadora de processos de transformação econômica e social.

Segundo o geografo Marcio Piñon, essa “forma de planejamento urbano considerada de “novo tipo”, com uma racionalidade e administração de empresa, como parte do plano estratégico da cidade” não será capaz de promover uma cidadania ampla, mas manter as limitações e controles do espaço urbano, num contexto mais amplo de intensa desigualdade social.

Em 2007, conforme observa o arquiteto urbanista Pedro Novais, as atividades dos Jogos Pan-Americanos foram implantadas em locais com infraestrutura e equipamentos esportivos disponíveis. A proposta vencedora difere do que foi proposto em 2004,  pois  abandona algumas ideias e conceitos propostos como o conceito de ampliação do centro da cidade e a busca de um equilíbrio urbano. Nos Jogos Pan-Americanos de 2007, grande parte dos novos espaços e metade das atividades do evento foram alocadas na Barra da Tijuca, o que foi feito respeitando o plano  de  Lúcio  Costa,  de  1969. Segundo Novais, a centralização das atividades  na  Barra  da  Tijuca  contribui para manter o movimento pendular originado na periferia metropolitana ao contrário da proposta para as Olimpíadas em 2004, que buscava criar núcleos secundários pela cidade, como forma de assegurar a “transmissão de centralidade”.  No entanto, é importante lembrar que por mais que o foco tivesse sido na Barra da Tijuca, as instalações dos Jogos Pan-Americanos de 2007 englobaram ainda trechos da zona sul do Rio de Janeiro, Maracanã e Deodoro (Vila Militar), com a construção de um equipamento voltado para a prática do tiro, que posteriormente foi ampliado e adaptador para os Jogos Olímpicos[13], recebendo diversos outros equipamentos.

Para Novais, o foco na Barra da Tijuca dele 2007 contribui para que sejam mantidas as distâncias, isto é, as condições desiguais para o acesso à cidade, no sentido mais amplo das dinâmicas urbanas ligados a trabalho, lazer e cultura. Essa escolha reforça a exclusão territorial carioca e amplia as desigualdades de mobilidade e acesso urbano experimentadas pelos moradores das áreas periféricas. Mas não somente, o impacto desta configuração e as escolhas radicais com relação à mobilidade, baseada na construção de vias expressas e corredores de transporte rápidos para ônibus, um número, resultou no deslocamento de pelo menos 22.059 famílias  de 2009 até 2015[14]. De estudos neste período resulta o mapa de reassentamentos desenvolvido a partir de pesquisa acadêmica[15].

Essas temáticas, alianças e lógicas permanecem direcionadoras das grandes intervenções urbanas cariocas e se mantem inalteradas. Conforme observa Silvestre, a Barra da Tijuca “passou a concentrar as propostas de intervenção urbana, conciliando assim investimentos públicos e privados e tornando-se claramente a região da cidade mais beneficiada pelos legados urbanos das Olimpíadas”.  Neste sentido, recentemente, emergiu uma nova configuração administrativa: a recente criação da Zona Sudoeste — aprovada pela Câmara Municipal em agosto de 2025 — que agrupa bairros como Barra da Tijuca, Jacarepaguá, Recreio, Cidade de Deus, Curicica, entre outros, separando-os da Zona Oeste, referida como “raiz”[16].

Essa mudança certamente vai além da nomenclatura: pretende definir novos perímetros de distinção social, de forma a qualificar a expansão urbana neste local, capitalizar sobre  as políticas públicas dos últimos anos, excluindo grande parte da zona oeste “raiz” desta grande operação de valorização imobiliária, de acordo com o que defendem seus proponentes e reportagens da imprensa local.[17] Analisando o recorte proposto, percebe-se um perímetro que absorve os bairros a seguir: Anil, Barra da Tijuca, Camorim, Cidade de Deus, Curicica, Freguesia, Gardênia Azul, Grumari, Itanhangá, Jacarepaguá, Joá, Praça Seca, Pechincha, Rio das Pedras, Recreio dos Bandeirantes, Tanque, Taquara, Vargem Grande, Vargem Pequena e Vila Valqueire. Numa avaliação inicial, cerca de 30 a 40% da área é composta por bairros com população de renda mais baixa, com os índices sociais menores da cidade, retirando da zona oeste seus bairros mais privilegiados.

Na região central e norte da cidade, alguns projetos anunciados para os megaeventos não foram realizados em sua integralidade, tal como a articulação entre Maracanã e Quinta da Boa Vista. Exclusão esta que ganha perspectiva ainda mais trágica diante do grande incêndio do Museu Nacional.

 

A região da Barra da Tijuca  e do Recreio foram, portanto, os principais focos dos investimentos, recebendo o Parque Olímpico, posteriormente convertido no Parque Rita Lee (2024), atualmente em vias de sediar o Parque Imagine.  Este território foi reorganizado administrativamente e renomeado como Barra Olímpica, buscando se consolidar como um novo polo urbano de atividades esportivas e culturais. Durante as visitas de campo realizadas no escopo deste projeto de pesquisa, verificou-se a baixa utilização do local no cotidiano do bairro. Uma grande reformulação da área paisagística interna foi realizada, logo antes do anúncio do novo parque de entretenimento. Após investimentos vultuosos na construção do parque, a Prefeitura faz nova reformulação para poucos meses depois destinar o parque à exploração privada.

O segundo “cluster” relevante, seguindo a denominação oficial, é o de Deodoro,, previamente mencionado, que inclui instalações como o Parque Radical e a Arena da Juventude. Deodoro foi beneficiado por obras que geraram áreas de lazer e treinamento esportivo para a população local, onde havia imensa carência. Em visitas de campo realizadas em 2024, foi possível constatar o alto grau de utilização desses equipamentos e sua importância como uma das poucas área de lazer na região. De fato, este exemplo corrobora a ideia de um impacto muito maior dos investimentos quanto mais em demanda de infraestrutura está o bairro. No entanto, até o momento o processo de expansão imobiliária e crescimento demográfico esperado e mencionado no programa de legado ainda não ocorreu nesta região, os lançamentos se concentrando principalmente na chamada zona sudoeste até o momento. As obras de desassoreamento de rios propostas à época foram realizadas, tendo continuidade nos últimos anos.[18]

Ainda como parte da gestão atual do legado urbano, destaca-se a conversão de arenas em escolas, como o Ginásio Educacional Olímpico Isabel Salgado e os Ginásios Educacionais Tecnológicos (GETs). Essas iniciativas, segundo a Prefeitura, buscam investir na educação e no esporte como instrumentos de inclusão social, beneficiando milhares de alunos em regiões como Bangu e Santa Cruz e na própria região, na proximidade da Vila Autódromo, que foi praticamente removida em sua totalidade, exceto por algumas casas construídas após uma longa série de luta e resistência.

Em relação ao chamado cluster Centro, neste esforço de desconcentração dos Jogos, a partir da pressão por parte de entidades públicas como IAB e universidades,  foi incluída a área portuária do Rio de Janeiro no processo, que a princípio abrigaria a Vila da Mídia, projeto que ficou abandonado à época e que foi retomado nos últimos anos, junto a diversos outros.

De fato, já havia um esforço dos governos federal e municipal para desenvolvimento do Porto[19]. As duas tendências “confluíram” iniciando um processo de renovação urbana elitizado e altamente especulativo, dando início a um processo ainda pouco explorado à época de financeirização da cidade a partir da emissão de CEPACs, proposta essa feita inicialmente pelo próprio Ministério das Cidades. O Porto passou por uma transformação significativa, com a remoção do Elevado da Perimetral, construção de centros culturais, museus e áreas públicas, incluindo os VLTs constituindo uma paisagem apropriada a empreendimentos de alto padrão. No entanto, logo inicia-se a crise financeira no Brasil, no período pós olímpico, na esteira de todo o processo da Operação Lava Jato, paralizando o desenvolvimento esperado para o Porto. Mais recentemente, um novo perfil de investimentos foi iniciado, baseado na verticalizarão e construção massifica de pequenas unidades habitacionais de cerca de 40m2 comercializada com valores de mercado, cujo impacta ainda deverá ser medido. Em paralelo a essas iniciativa, na região central propriamente dita, que sofreu profundamente com as obras de remodelação do Centro do Rio, construção do VLT e fechamento de vias estruturais de trânsito como a Avenida Rio Branco, inicia-se o projeto Reviver o Centro. O Projeto tem o objetivo de estimular o reaproveitamento residencial de inúmeros edifícios originalmente corporativos subutilizados, considerando que após a crise advinda das próprias obras municipais, inicia-se a pandemia estabelecendo o Home office e esvaziando drasticamente as ruas do Centro da Cidade.

A crise vivida pela área central foi um dos maiores danos causados à cidade[20]. O processo teve início na esteira dos grandes investimentos para os mega eventos e está ligada às alterações na mobilidade urbana, às próprias obras para passagem do VLT, à pandemia com a  generalização do trabalho remoto e às diversas crises econômicas e financeiras nacionais e internacionais. É importante acompanhar as propostas de mitigação dos efeitos negativos de todos esses processos dos últimos anos, incluindo melhorias na circulação, o programa Reviver o Centro entre outros e os novos investimentos sócio culturais buscando reconhecer e integrar a cultura afro-brasileira de altíssima importância na área portuária[21]darão conta de reverter parcialmente os danos causados.

 

Mobilidade Urbana

As grandes obras e melhorias no transporte público (como o VLT , corredores de BRT e as obras do metrô), reformas em aeroportos e o aumento de acessibilidade são partes importantes do legado. O Sistema BRT deveria estar em pleno funcionamento no primeiro semestre de 2024, segundo anúncios oficial da Prefeitura. Somando os quatro corredores (Transoeste, Transcarioca, Transolímpica e Transbrasil), serão 140 estações, 15 terminais e quase 150 quilômetros interligando Zona Oeste, região da Barra da Tijuca, Zona Norte e Centro. Até 2026, a previsão é que o sistema transporte cerca de 700 mil passageiros por dia (hoje, são transportadas cerca de 347 mil pessoas diariamente).

Em seu lançamento, o sistema de BRT sofreu críticas por ter desmobilizado uma imensa quantidade de linhas e ter sido iniciado de forma subdimensionada, reduzindo a mobilidade em algumas regiões da cidade, notadamente na área do Porto do Rio, onde a população local relata aumento no tempo e nos gastos de transporte.

Os passageiros reconheciam a velocidade maior do sistema, mas, no entanto, viajavam em condições de altíssima lotação[22], gerando desconforto, e poucos anos depois, grandes riscos, face à pandemia de covid 19 iniciada em 2020. Em 2024, foram iniciadas linhas de BRT noturno, por demanda dos passageiros.

A pandemia de covid 19 provocou também uma enorme queda no turismo no panorama internacional, o que afetou gravemente a concessão do Aeroporto Internacional, que foi reformulada em 2023. De 2012 a 2022 houve uma queda de cerca de 14 milhões de passageiros circulando pelo aeroporto anualmente[23]. A pandemia também afetou o sistema de VLTs, que passou um período subutilizado, mas que após a construção do Terminal Gentileza a partir de estruturas desmontadas dos equipamentos olímpicos, ganhou um novo fôlego. Embora tenha havido avanços na infraestrutura de transporte, desafios como superlotação, manutenção inadequada e integração entre diferentes modais ainda persistem, sendo notável a má articulação da malha existente. É importante também mencionar os teleféricos construídos na cidade que funcionaram  durante poucos meses após os grandes eventos e ficaram mais de 5 anos parados, sendo também reativados pela Prefeitura a partir de 2025, quase 10 anos após os Jogos Olímpicos.

 

Dimensão Política

O período que precedeu a Copa e os Jogos Olímpicos foi marcado pelo aumento substancial da militarização do espaço público e investimentos em segurança. De fato, especialistas mencionam um “cessar fogo” entre as facções de tráfico de drogas em suas disputas por territórios na cidade do Rio de Janeiro. Em paralelo foram feitas “retomadas” de território e implantação de Unidades de Pacificação em distintas favelas do Rio de Janeiro, com uma série de abusos como o emblemático desaparecimento de Amarildo, um dos motes das lutas políticas de 2013. Houve uma clara migração das práticas criminosas para bairros da Baixada Fluminense e o interior do Estado do Rio de Janeiro[24].

Todo esse processo complexo de transformação da cidade e a polêmica aplicação de recursos para Copa e Olimpíadas alimentou grandes movimentos de insatisfação nacional. É possível que os holofotes no Brasil pela mídia internacional tenha também encorajado a movimentação social nas grandes marchas que tomaram muitas cidades brasileiras em 2013. A princípio, de caráter horizontal, de difícil precisão quanto à lideranças e objetivos, as Jornadas de 2013 criaram grandes perturbações políticas e reconfiguração de forças. Mal compreendidas pelos governos e pela mídia, tiveram papel importante na politização de toda uma geração, no entanto os constantes ataques e narrativas distorcidas parecem ter influenciado em uma desmobilização relativa das novas gerações, trazendo novamente uma forma de descrédito nas lutas políticas, por um lado, e um fortalecimento da questão identitária na política, amplificado após o assassinato de Marielle Franco em 2018, por razões parcialmente elucidadas, ligadas às disputas territoriais no Rio de Janeiro, na zona oeste da cidade[25], não à toa uma das regiões de maior investimento e disputas de grandes interesses imobiliários em todo o contexto dos megaeventos cariocas, que neste caso, marcam apenas uma reafirmação do poder dos grupos de poder que dominam a região, entre grandes corporações imobiliárias e a própria milícia. De fato, curiosamente o próprio futuro do país foi marcado de algum modo por essa disposição de forças, sendo Jair Bolsonaro[26], presidente do Brasil de 2019 a 2022, morador de condomínio na região[27].

Por outro lado, a reapropriação desta indignação sem dono do ponto de vista político partidário por forças políticas de extrema direita e sua demonização pelas forças políticas de centro esquerda criou uma situação de polarização no Brasil, reforçada pelas polarizações políticas mundias que até o momento ainda influenciam no panorama político nacional[28]. Ainda assim, trouxeram contribuições para a política nacional que podem ser representadas pela diferença das duas posses do Presidente Lula, antes de 2013 e da crise política posterior, e depois, quando subiu a rampa acompanhado de representantes indígenas, afro brasileiros e inclusive, multiespécies.

 

Efeitos econômicos e financeiros

Estudo do IPEA de 2017[29] gerou dados comparativos com grandes centros urbanos brasileiros, mostrando que o Rio teve melhor desempenho em 2016, mas observa que era difícil prever os próximos anos. Este achado está alinhado com artigos internacionais que observam que há resultados de curto prazo e o grande desafio governamental é o de ampliar esse sbenefícios momentâneos ao longo do tempo. Os estudos mais recentes na área econômica mencionam lucros ao avaliar de forma sistêmica o processo de realização dos jogos, a partir de metodologia apropriada. No entanto, estas análises são discutidas no panorama internacional e diversas fragilidades vem sendo apontadas.

A organização dos megaeventos gerou uma grande demanda por trabalhadores em diversas áreas, como construção civil, segurança, turismo e hospitalidade. Embora muitos desses empregos  tenham sido temporários, eles contribuíram para a redução temporária do desemprego durante os períodos dos eventos.  O Rio de Janeiro recebeu milhões de turistas de diversas partes do mundo, gerando uma significativa injeção de recursos financeiros na cidade, no entanto, os número totais não ultrapassaram os números gerais da visitação ao Brasil  ao longo das últimas décadas. Esse movimento trouxe novos investimentos ao setor de turismo, beneficiando ainda o comércio local naquele momento. O governo municipal explicita que grande parte dos recursos ( 51%)  foram provenientes da iniciativa privada. Estes gastos foram apurados pelo Tribunal de Cotas da União em 2017 conforme gráfico ( Gastos com os Jogos 2016).

Comparativamente com gastos olímpicos internacionais nos últimos tempos, a Olimpíada no Rio de Janeiro este entre as dez mais custosas, mas se manteve dentro dos valores praticados internacionalmente. Ainda não dispomos dos valores finais gastos com a reativação do legado, mas até 2021 cerca de 2 bilhões foram mobilizados.

Com os cerca de R$ 21 bilhões investidos pelos vários níveis de governo, seria possível realizar a urbanização de até 4000 favelas, dependendo do porte e das necessidades de cada comunidade. Isso incluiria a construção de infraestrutura básica como esgoto, abastecimento de água, ruas asfaltadas, iluminação pública e construção de moradias para famílias de baixa renda. Também seriam possíveis projetos de requalificação urbana, como a construção de espaços públicos, áreas de lazer, centros de saúde e educação e comércio local, contribuindo para a melhoria das condições de vida nas áreas mais pobres. Os efeitos positivos que isso geraria em termos financeiros também vem sendo calculados por estudos econômicos, chegando-se a estimativas de que a cada 1 real de investimento social retornam 6,5 reais[30].  Se isto for real, ultrapassaria em muito o retorno financeiro para a cidade do Rio de Janeiro, estimado em 99 bilhões no produto interno bruto.

No âmbito de avaliação dos legados  três frentes precisam ser mobilizadas. A primeira mais direta é a de analisar lucros ou ganhos para a municipalidade a partir de todo o projeto dos megaeventos ou dos benefícios criados a partir do modelo adotado. Esta não deve ser confundida com a cidade como um todo.  Em segundo lugar, a análise dos impactos positivos sobre a infraestrutura e equipamentos urbanos a partir do legado olímpico em termos de obras. mudanças climáticas e desigualdade social.

A partir da análise do legado urbano nos parece que a ampliação e melhoria da rede de BRT, a fim de resolver a questão da superlotação, associada à finalização da linha 4 do metro poderiam concluir de forma satisfatória esta parte do legado. O uso e conservação de parques urbanos – responsáveis pela ativação e vida coletiva em bairros carentes de atividades de lazer, cultura e esporte vem sendo uma politica recente de grande importância, atendendo demanda históricas dos bairros da zona oeste.

A importância pós-pandêmica das atividades ao ar livre, sociabilização, esportes e a mitigação dos efeitos climáticos através de áreas verdes e livres urbanas é um horizonte necessário para o urbanismo nacional e carioca em particular, sobretudo quando comparamos as grandes diferenças de temperatura entre o interior e o litoral da cidade.

Em terceiro, é urgente um questionamento sobre quanto se perde ou se deixa de ganhar investindo em um processo que pode ter gerado positividades, mas que sem dúvida criou uma série dramática de externalidades negativas que não são contabilizadas nos estudos de impacto e de ganhos financeiros. Desalojamentos, destruições urbanas, alteração drástica da paisagem de áreas históricas como o porto, universalização de formas urbanas como os grandes conjuntos habitacionais que em todos os países desenvolvidos vem sendo evitado, modelo rodoviarista ainda ativo.  Enfim, há anacronismo e grandes perdas de qualidade urbana. Há um processo de construção do projeto da cidade que não leva em conta avaliações prévias objetivas, desprezando as experiência de planejamento urbano e a massa crítica acumulada mundialmente em relação à qualidade urbana, sem falar sobre questões de sustentabilidade,

Questões arquitetônicas e urbanísticas da conversão dos equipamentos olímpicos buscando contornar arquiteturas de exceção e exclusivistas em direção a uma lógica de articulação e acessibilidade urbana devem ser enfrentadas.  Os grandes traumas urbanísticos revividos no período precisam continuar sendo mitigados: remoções, construções de vias expressas, isolamento urbano da moradia social, violência urbana,  abandono da infância e da adolescência vulnerável nas ruas da cidade, domínio de áreas da cidade pelo crime e milícias, difícil acesso aos novos equipamentos urbanos[31].

 

Conclusão: Anti urbanismo carioca?

Após revisar o histórico da realização da Copa e dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro e analisar a retomada dos equipamentos e infraestruturas após o retorno da gestão urbana aos órgãos competentes, observa-se que as grandes obras geraram impactos econômicos e financeiros positivos para determinados grupos, ainda que de forma temporária, refletindo-se em indicadores gerais da cidade, como PIB, turismo e geração de empregos. Entretanto, os efeitos positivos  na mobilidade urbana, crucial para a cidade e uma das apostas mais altas de todo o investimento, foram limitados pelo subdimensionamento do sistema BRT.

Lições aprendidas em experiências internacionais, como a de Paris, indicam caminhos possíveis: a priorização de opções cotidianas, investimentos em áreas de maior carência e a valorização do transporte metroviário em detrimento de vias expressas.

O lado mais problemático do processo reside nos gastos exorbitantes, equivalente aos gastos nas seis olimpíadas mais custosas nas ultimas décadas, nos custos adicionais de recuperação e adaptação para a conversão dos equipamento ao modo “legado”, no desperdício em projetos não prioritários e em tudo aquilo que, mais uma vez, não foi realizado.

Entre os efeitos mais perversos do processo estão questões estruturais de gestão urbana: a irregularidade das políticas públicas, a crescente privatização do projeto da cidade e mudanças na legislação em detrimento do plano diretor que  priorizam interesses privados.

O reconhecimento formal das favelas e o compromisso com sua reurbanização, anunciados como parte das estratégias de legado, permaneceram largamente descumpridos, evidenciando uma desconexão entre planos e execução. Esse descumprimento não apenas reforça desigualdades históricas, mas também impede que áreas carentes se beneficiem efetivamente dos investimentos em infraestrutura. Paralelamente, o adensamento urbano e a flexibilização de normas, somados à redução da proteção do patrimônio histórico, demonstram uma tendência a uma exploração imobiliária da cidade de caráter desordenado, com impactos negativos sobre a qualidade de vida, a coesão social e a preservação da memória urbana.

Assim, ainda que as obras para os megaeventos tenham proporcionado ganhos econômicos pontuais e melhorias em determinados setores, o legado urbano revela-se fragmentado e desigual, deixando evidente a necessidade de políticas mais consistentes, participativas e voltadas para a equidade social, ambiental e urbana da cidade.

Sobretudo, não houve projeto alternativo, estudos de outras implementações urbanísticas possíveis que poderiam ter gerado mais externalidades positivas com os mesmos custos, o que chamamos de anti-urbanismo, ou seja, a exclusão de um campo do conhecimento voltado para o estudo do desenvolvimento urbano, equilíbrio ambiental, social e econômico, em tempos onde a urgência por medidas capazes de proteger a cidade e a população dos riscos climáticos, sociais, ambientais e mesmo políticos, não podem mais ser ignoradas.

[1] https://www.rio2016.com/transparencia/sites/default/files/dossie_de_candidatura_v1_0.pdf

[2] LUGAR  COMUM  N.58 RIO  DE  JANEIRO:  AGOSTO 2020.  ISSN:  1415  8604.  284-­‐294 file:///Users/clarissa/Downloads/gcocco1,+6+Jilly+NOVO.pdf

[3] https://conhecimento.fgv.br/sites/default/files/2024-07/publicacoes/fgv_legado-olimpico_fim_saida_bx-003.pdf.

[4] Müller M, Gogishvili D, Wolfe SD. The structural deficit of the Olympics and the World Cup: Comparing costs against revenues over time. Environ Plan A. 2022 Sep;54(6):1200-1218. doi: 10.1177/0308518X221098741. Epub 2022 May 31. PMID: 35836718; PMCID: PMC9272517. https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC9272517/

[5] (https://www.ijhssnet.com/journals/Vol_3_No_1_January_2013/2.pdf)

Jakar, G., & Philippou, C. (2024). Legacy and urban regeneration: long-term local impact of the London 2012 Olympic Games. European Planning Studies33(2), 183–203. https://doi.org/10.1080/09654313.2024.2422888. https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/09654313.2024.2422888

[7] https://www.ruig-gian.org/ressources/Seoul_background_paper.pdf

[8] https://vejario.abril.com.br/puc-rio/arquitetura-nomade-estrategia-legado-olimpico/

[9] https://rbeur.anpur.org.br/rbeur/article/view/4831/4618

[10] SILVESTRE, Gabriel. O não legado e os Jogos que não foram. A primeira candidatura olímpica do Rio de Janeiro e o imaginário de legado urbano para a cidade. Arquitextos, São Paulo, ano 17, n. 200.00, Vitruvius, jan. 2017 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/17.200/6390>.

[11] https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2010-03-18/rio-assina-acordo-com-barcelona-para-preparacao-das-olimpiadas-de-2016

[12] Oliveira, Márcio. PROJETO RIO CIDADE: INTERVENÇÃO URBANÍSTICA, PLANEJAMENTO URBANO E RESTRIÇÃO À CIDADANIA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO https://www.ub.edu/geocrit/-xcol/338.htm#:~:text=O%20Projeto%20Rio%20Cidade%20integrou,exemplo%20da%20cidade%20de%20Barcelona.

 

 

[13] https://www.archdaily.com.br/br/01-5642/complexo-esportivo-de-deodoro-bcmf-arquitetos

[14] Segundo o dossiê de 2015 do Comitê Popular da Copa e Olimpíadas,

[15] Lucas Falhauber

[16] https://www.infomoney.com.br/politica/vereadores-do-rio-aprovavam-separacao-de-barra-e-recreio-da-zona-oeste-raiz/?utm_source=chatgpt.com

[17] https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2025/08/7111475-zona-sudoeste-entenda-o-projeto-de-lei-que-cria-nova-configuracao-de-bairros-no-rio.html?utm_source=chatgpt.com

[18] https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2023/03/6590399-prefeitura-promete-retirar-mais-de-600-mil-toneladas-de-residuos-de-rios-ate-o-verao-de-2024.html e https://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2015-04-29/sujeira-e-obstaculo-olimpico-em-deodoro.html

[19] https://apublica.org/2016/08/a-outra-historia-do-porto-maravilha/

[20] https://diariodorio.com/centro-do-rio-passa-por-crise-sem-precedentes/

[21]  https://concursobndespequenaafrica.com.br/

[22] https://diariodorio.com/numero-de-passageiros-que-utilizam-o-brt-do-rio-mais-que-dobrou-desde-a-reformulacao-no-sistema/

[23] https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/apos-desistencia-concessao-do-galeao-fica-para-2023-entenda-o-que-vem-por-ai/

[24] https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-07/rio-se-defronta-com-reves-na-politica-de-ocupacao-das-comunidades-pelas-upps

[25] https://valor.globo.com/politica/noticia/2024/03/26/entenda-por-que-mataram-marielle-franco.ghtml

[26] Não só ele mas muitos políticos chave na atualidade moram aí, como registra reportagem do Jornal El País: ” Eduardo Cunha, presidente da Câmara e arquiinimigo da presidenta Dilma Rousseff, tem casa no condomínio Park Palace, um dos mais tradicionais e exclusivos do bairro. Era no escritório da casa familiar que ele supostamente orquestrava uma trama de subornos em troca da concessão de contratos da Petrobras. De frente para um canal, o condomínio tem um shopping com o mesmo nome, segurança privada, academia de ginástica, duas piscinas e salão de festas, serviços pelos quais os vizinhos pagam mais de 2.500 reais por mês. A menos de cinco quilômetros dali vive, em outro condomínio, Leonardo Picciani, adversário de Cunha dentro do PMDB, aliado de Rousseff e alvo dos manifestantes favoráveis ao impeachment da presidenta. O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, detido pelo escândalo de corrupção da empresa, o prefeito Eduardo Paes e o deputado ultradireitista Jair Bolsonaro, que afirma que os gays são fruto do consumo de drogas, completam a lista de celebridades políticas com casas na Barra da Tijuca.” https://brasil.elpais.com/brasil/2015/12/11/estilo/1449860216_901487.html

[27] https://oglobo.globo.com/epoca/o-condominio-da-barra-no-epicentro-de-investigacao-sobre-marielle-23522228

[28] https://www.ihu.unisinos.br/categorias/159-entrevistas/580155-o-horizonte-dos-desafios-contemporaneos-foi-tracado-no-mapa-de-junho-de-2013-entrevista-especial-com-bruno-cava

[29] GLAUTER, Rocha. A economia dos Jogos Rio 2016: bastidores e primeiros impactos. IPEA n.37 2017.

[30] https://sinapse.gife.org.br/download/retorno-do-investimento-social-privado-desafios-oportunidades-e-limitacoes-de-mensuracao-pela-otica-do-investidor

[31]  Referências a organizar: SASSEN, Sáskia. As cidades na economia mundial. São Paulo: S. Nobel, 1998.

https://www.statista.com/chart/5424/the-massive-costs-behind-the-olympic-games/

https://www.britannica.com/procon/Olympics-debate

https://wired.me/business/costs-profits-of-olympic-games/

https://oglobo.globo.com/economia/obras-de-mobilidade-urbana-para-copa-olimpiada-favoreceram-mais-parcela-rica-da-populacao-do-rio-22032344

Cadê o Investimento? Análise do Legado Olímpico sobre a Geografia Carioca

https://educacaoeterritorio.org.br/reportagens/jogos-da-exclusao-mostra-outro-legado-olimpico-para-o-rio-de-janeiro/

https://vert.eco/articles/jo-2024-le-palmares-des-pires-dingueries-environnementales

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