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A potência da dessubjetivação

Por Ricardo Gomes, filósofo, UniNômade e DasLutas

catraca-fogo

Enfrentamos nos últimos dias uma investida violenta da mídia contra as manifestações de rua e seus desdobramentos. Isso já havia ocorrido no ano passado, quando a mídia tentou impor suas pautas genéricas e elitistas. Agora, ela tenta, de forma absurdamente violenta e mesquinha, criminalizar os manifestantes que lutam por mais direitos, usando a fatídica morte do cinegrafista Santiago Andrade e esquecendo todas as outras mortes, criando um discurso seletivo sobre a violência nas manifestações, onde a única violação que importa é aquela que pode ser usada para restabelecer a ordem. Mas é preciso colocar melhor esta questão. Não se trata simplesmente da velha manipulação dos fatos, é necessário colocá-la sob o ponto de vista da organização atual do capitalismo e a hibridação sob qual ela se assenta. A hibridação entre o político, o econômico e a comunicação que formam uma mesma máquina de controle com diversas saídas e entradas. Trata-se de uma intervenção diretamente na construção dos enunciados, dos modelos de desejos permitidos e reproduzíveis, se valendo do medo e, sobretudo, parasitando a abertura colaborativa e autônoma que fez com que a livre circulação e troca pudessem ganhar força no seio da população. A exemplo do caso limitado mas ilustrativo das redes sociais. Houve, e sempre haverá este momento positivo e revolucionário, onde a colaboração livre pode irromper os sentidos fechados e as verdades autoritárias, porque ela faz fugir uma dessubjetivação ativa que permite dizer “Anota ai, eu não sou ninguém”1, como disse um integrante do MPL/SP (logo desenvolveremos melhor o que vem ser uma dessubjetivação ativa). Ou seja, está ação parasita do capital é um momento posterior onde as diversas opiniões conflituosas perdem seu caráter de atomização e são reinseridas na construção de modelos majoritários. Portanto, é fundamental afirmar que não estamos lidando com questões ideológicas, com a criação de visões falaciosas da realidade. Absolutamente, o que vemos é a seleção e privatização da produção de modelos de vida desejáveis.

Temos uma junção tenebrosa: a lógica empresarial domina a estrutura, a organização e a produção de subjetividade da cidade, a mídia, é o partido e o tribunal. E a publicidade é a ‘linguagem natural’ deste tempo. Vazia, ela se impõe como forma de apropriação e controle dos desejos, ou seja, formulando as subjetividades. Agora a publicidade cria o mercado consumidor e não o contrário2. A mídia acena com as versões permitidas, o prefeito se vale do mesmo cinismo das publicidades de um certo cartão de crédito3 dizendo que pode fazer o que quiser usando a copa ou as olimpíadas como pretexto. O cinismo que atravessa a publicidade do cartão de crédito e as falas do prefeito não coexistem por pura coincidência. É a criação da imagem que está em jogo nos dois. A imagem em questão é aquela que diz ‘não há fora’, ‘não há outro denominador comum que não seja o capital’. Este tipo de controle chega em todos os poros da vida, ultrapassa o tempo de trabalho e se impõe como a única máquina. A reprodução do capital penetra a reprodução da vida, deixando pouco espaço para outras alternativas e criando uma imagem feliz e total de uma submissão necessária. Diante deste processo de controle, afirmar que a mídia manipula é absolutamente insuficiente.

Na perda da diferença entre notícia e propaganda, já que os dois lidam com a tentativa de subjetivação, o que resta ao jornal é o editorial, ‘poder arbitrário’4. Em dois deles, o jornal O Globo deixou claro qual seria sua nova tática contra a luta por mais direitos que vem sendo travada nas ruas e nas redes. Primeiro, há poucos dias, o editorial do jornal afirmava que seria um erro abaixar o valor das passagens e que a sociedade deveria arcar com este custo. Repetiu exatamente o argumento do prefeito da cidade do Rio de Janeiro. Ignorando inclusive o parecer dos técnicos do Tribunal de Contas do Município, que constava que a passagem deveria abaixar no valor de R$ 0,25. Agora, tenta desarticular as manifestações usando o medo e voltando a insatisfação da população contra ela mesma. No momento em que percebe um acontecimento utilizável, se lança sobre ele, tentando destruir todas as pautas geridas coletivamente durante tanto tempo. Faz uma amalgama da violência sofrida pela população cotidianamente e sua indignação difusa, retirando delas o seu horizonte problematizador e/ou contestatório, criando um objeto claro a ser odiado e destruindo, a saber, o outro, aquele que tenta criar um desvio. Com isso reforça as violentas relações sociais de classe, raça e etc. Boa parte da população participa ativamente do jogo. Abertamente destrava seu niilismo puramente negativo5 e cria uma situação onde o outro é sempre visto como perigoso. O inimigo interno foi criado, ele está por aí. É o manifestante, o desviante, aquele que cria um dissenso concreto, que problematiza o status quo, algo bem diferente da polêmica falsa e vazia que reforça estereótipos.

Toda a teia complexa de relações que produz o social, a cidade, tem seu acesso bloqueado por esses mecanismos discursivos. Nessa ação conjunta temos, de um lado, a ‘sutileza’ da mídia reproduzindo opiniões que alicerçam a ordem estabelecida e seus enunciados, como modelos a serem repetidos e que agora, construindo uma anomalia social, chegou ao nível de forjar um tribunal. Do outro lado, temos a polícia que garante a violência contra os que se rebelam presencialmente com seus corpos, sejam eles moradores de comunidades em suas diversas reivindicações, sejam os manifestantes das ruas, de diversas origens. O capital é o espectro fantasmagórico que une as articulações. É a membrana semiótica, o que dá um sentido final a este processo e assim age sobre a vida. As relações que permeiam o capital excede os governos, as soberanias, são formas determinantes de troca, controle e patenteamento, que não se reduzem a características locais. O Estado é aquilo que organiza as diversas máquinas de apropriação. A mídia joga com o medo e o Estado organiza o medo em violência policial, mal funcionamento dos serviços comuns, abertura para privatizações dos espaços coletivos, desempoderamento político da população e ligações com todo tipo de máfias ilegais. Sem esta organização o medo certamente não teria a mesma disseminação e efetividade. É o Estado que permite e articula ações e condições materiais para um violento controle da circulação dos fluxos de desejos, por isso o transporte coletivo é um tema tão caro ao estado, o encarecimento da mobilidade visa enfraquecer a circulação dos pobres e precários que inventam outras formas na cidade. Portanto, o que temos é a convivência entre a modulação de subjetividades e o controle violento dos corpos.

Mas, a partir do momento em que reivindicações históricas se chocam com problemas na circulação da ‘nova cidade’, a população desenvolve maneiras colaborativas para resistir à exploração e criar uma exceção social positiva que permite discutir mais uma vez a necessidade de efetivação democrática e de expressão e construção da liberdade. Essa é certamente uma das questões fundamentais das manifestações que se intensificaram em junho e que voltaram em janeiro de 2014. Mais uma vez na luta contra o aumento das passagens e mais uma vez enfrentando o clima de guerra criado pelos mecanismo do poder.

Sobre este enfrentamento, Gilles Deleuze, nos fala que um ‘pouco de subjetivação pode nos afastar da servidão maquínica e que muito nos reconduz a ela’6. A crise econômica e o modo como ela foi e ainda é largamente utilizada para reforçar os controles, evidencia o aprofundamento da maquina de servidão mundial. Por isso, acreditamos que para enfrentar este aprofundamento é necessário falar em termos de dessubjetivação ativa. Não estamos mais no espaço de um enfrentamento entre categorias mais ou menos fixadas, o conflito complexo permeia minuciosamente a vida. Viver é produzi-se, difere-se e assim gerar valor. O valor que hoje sobredetermina as relações de trabalho e producão é este, das trocas linguísticas, de conhecimentos e etc. Parar de produzir não está em questão. Assim, o que pode problematizar a circulação controlada dos fluxos são as diversas formas de aglomerações onde as velhas subjetivações são destituídas. O sujeito que antes obedecia e livremente criava uma série de especificações para adaptar sua possibilidade produtiva aos processos ditos desejáveis, poderá produzir um exceção que não lhe pertence, ou melhor, poderá participar da criação de uma exceção temporal, também chamada eternidade, que existe na desmesura inventiva do devir coletivo. Não estamos falando de um movimento escatológico. Esta eternidade é resultado de uma visão materialista das lutas, do conhecimento novo que a luta produz. As classes e as forças minoritárias são constituídas por ela, não existem antes dela, o tempo novo também não. Ora, tudo isso é resultado de uma dessubjetivação ativa, da formação de um não-sujeito múltiplo e aberto ao devir.

Falando de lutas, vejamos o que ela pode nos mostrar. Na quinta, dia 6 de fevereiro, houve uma manifestação puxada pelo MPL Rio e Niterói. O MPL é um movimento nacional que tem o objetivo de implementar a tarifa zero para os transportes coletivos, enfrentando máfias político-empresariais que lucram mantendo passagens caras e transportes de péssima qualidade. No ato do dia 6, como nas outras manifestações, a força policial usou de extrema violência contra os manifestantes e as pessoas que estavam em volta. Houve a morte do Sr. Tasman Amaral, que foi atropelado por um ônibus quando fugia da chuva de gás lacrimogênio lançado pela polícia, e a morte do cinegrafista Santiago Andrade, que foi atingido por um rojão, lançado por supostos manifestantes. Uma senhora sofreu cortes na cabeça, um advogado foi agredido, enfim, mais uma vez a polícia militar do Rio de Janeiro se achou no direito de instituir um massacre contra a possibilidade legal de se manifestar. A PMERJ causou danos parecidos em todos os atos anteriores a esse, existe uma triste lista de feridos e mortos em manifestação, no entanto, até onde se sabe, nenhum policial foi julgado, nenhum inquérito foi aberto, nenhuma autoridade tomou qualquer providencia real contra as arbitrariedades que estes assassinos e torturadores de farda estão cometendo7. Não irei entrar nos pormenores do caso Santiago Andrade, isso vem sendo feito exaustivamente, pela mídia tradicional e pela internet, mas deixamos claro que quem praticou a ação deve ser responsabilizado, como deveria acontecer em todas as outras ações de violência, mas os dois suspeitos encontrados até agora vem sofrendo uma estranhíssimo cerco da polícia em conjunto com um suposto advogado de defesa, que tem relações com miliciano. Além das acusações estapafúrdias e sem provas de que as manifestações estavam sendo financiadas. O que, de qualquer forma, fica claro é a permissão que a PMERJ tem de causar danos a população e sair absolutamente impune. Infelizmente isso não é novidade.

Durante a ditadura militar o governo também usava de força policial para desmantelar manifestações e organizações políticas que contestavam o regime ditatorial. Na época, a repressão era vista como algo necessário, mesmo que em boa parte do tempo o governo não tenha assumido oficialmente o uso da tortura e da perseguição. Hoje, sabemos que esse era o procedimento normal nos ‘porões da ditadura’, provas eram forjadas, anúncios ufanistas oficiais desmentiam ‘violências desnecessárias’ e etc. Recentemente o governo federal lançou um projeto que tenta apurar as responsabilidades das ações violentas na ditadura militar, a Comissão da Verdade. Neste ano, entre outras ações, a Comissão, num ato simbólico, devolveu a presidência a João Goulart, presidente deposto em 64. Ela também conseguiu que alguns militares assumissem o que fizeram durante a ditadura, como no caso do assassinato do jornalista Rubens Paiva8. Sequestrado e assassinado pela ditadura, até bem pouco tempo ele era tido como desaparecido. Não havia comprovação da morte violenta que a ditadura lhe causou.

Apesar desses eventos relevantes, a Comissão da Verdade recebe muitas críticas. Resumindo um pouco as críticas, podemos separar entre críticas à direita e a esquerda do governo. A direita reclama que a Comissão da Verdade só teria escutado a versão dos que lutaram contra a ditadura, criando assim uma espécie de tribunal revanchista. De outro lado, a esquerda critica sua limitação. Sem poder abrir todos os documentos da época, nem desdobrar os casos em condenações, ela estaria limitada a um papel puramente retórico e cerimonial. Mas, ao que parece, para o nosso tempo e na nossa visão, o grande problema da Comissão da Verdade é seu tipo de olhar. Parafraseando Nietzsche, podemos dizer que se trata de um ‘olhar de caranguejo’. Um olhar preso ao passado, que não consegue deixar de olhar para trás, não consegue se livrar do peso do tempo linear e morto, datado, objetivo. A Comissão da Verdade poderia ser fundamental para enfrentar arbitrariedades dos poderes estabelecidos, das relações incestuosas e violentas entre público e privado que as polícias insistem em defender. Ela deveria se voltar sobre nosso tempo para não permitir mais os abusos que o Estado tem praticado sistematicamente contra a multidão constituinte que vai as ruas, seja em manifestações, seja para debates, assembleias, ocupações artísticas ou outras coisas mais. Ou, ao menos, deveria servir para lançar um protocolo geral, mas concreto, que trataria das mudanças necessárias pelas quais as polícias deveriam passar. Alguns exemplos destas mudanças estão sendo tratados nas ruas, desmilitarização das polícias, efetiva participação popular na escolha e desenvolvimento dos planos de segurança, mudança na formação dos policiais, enfim, estas e outras pautas que estão sendo discutidas nas ruas poderiam servir como base de consulta do governo, como local de troca. Essas melhorias poderiam acontecer se, por exemplo, a Comissão da Verdade fosse composta por pessoas que sofreram violência policial nos dias de hoje, como as fundadoras da Mães de Maio, movimento de mães paulistas que tiveram seus filhos assassinados pela PM, ou por pessoas que sofreram violências nas manifestações. Seria uma efetivo canal aberto com as ruas. Mas não é isso o que ocorre, o governo não consegue lançar instituições concretas que saibam se articular aos desejos sem submete-los ou torna-los peça da governança. A impressão que fica é de que a Comissão da Verdade só existe para legitimar o Brasil diante de órgão internacionais e diante de retórica da esquerda de estado, para mostrar como o Brasil caminha em direção ao primeiro mundo. O fundamental desta crítica é afirmar que as ações e os movimentos políticos deveriam ter o caráter de atualização constante de sua potencia democrática e não de mero enquadramento nos costumes aceitáveis, morais ou políticos.

Acredito que é o momento de qualificar melhor o que mais acima chamamos de colaboração e dessubjetivação, as duas se atravessam nesse contexto. A colaboração-dessubjetivação se apresenta como expressão imediata de uma quantidade de singularidades inumerável e indecidível9, ou seja, não há termo que estabeleça o pertencimento dela a um conjunto dado. Tão pouco há nome ou equação conceitual que lhe roube o interminável processo produtivo. Se falamos multidão ou multiplicidade ou colaboração-dessubjetivação, nos instalamos em realidades vivas e complexas, numa consistência própria onde não há mais dicotomia entre o singular e o coletivo, numa materialidade incorporal que rascunha a diferença e nos lança em devires, em trocas selvagens, inorgânicas, onde o todo aberto ao tempo é que cria o ‘evento singular’. Um devir é este encontro, onde me torno o que encontro, mas não antes daquilo que encontrei ter se tornado outra coisa. Portanto, falamos de um evento aberto, de um conceito que nos permite seguir sua vida. Há neste processo uma experimentação política, afetiva e estética que certos coletivos sabem efetivar. O MPL/SP é um destes coletivos, eles tiveram a prudência e a coragem necessárias de saber quando se juntar a grupos e manifestantes radicais, quando dizer não, quando se deslocar para outros espaços, enfim, nomadismos diversos. Outro exemplo claro foi a junção entre adeptos da táticas black bloc e parte dos professores que protestavam contra o plano neo liberal de educação publica do prefeito do Rio. Contrariando o sindicato da categoria, grande parte dos professores se juntou ao grupo de black bloc, criando o ‘black prof’, e participaram da ação de defesa dos outros professores, dos manifestantes e da ocupação que existia na época em frente a câmara de vereadores. As dispersões dos lugares estabelecidos e os encontros monstruosos, tanto em um caso como em outro, nos ensinam que a possibilidade material de dizer “Anota ai, não sou ninguém” é uma espécie de resultado imanente da experimentação e intensificação política dos grupos. Neste sentido, o trabalho que temos pela frente é o de continuar construindo as condições de possibilidades de uma dessubjetivação ativa e politicamente consequente. Isso se faz nas ruas, nas assembleias, mas também nas universidades, nos encontros dos grupos e coletivos que pensam as manifestações.

Já houve mais manifestação depois do triste dia 6, e tudo ocorreu bem, a polícia não usou a violência e pasmem, não houve confronto, por isso, reafirmamos, o que existe nas ruas é uma força constituinte, uma força que luta por mais direitos, mais democracia, contra uma organização elitista da cidade e, sobretudo, pela possibilidade de organização autônoma que a privatização dos transportes coletivos visa enfraquecer. É isto o que está em jogo nas manifestações pela tarifa zero. Por isso a continuidade das ruas são importantes. É preciso fortalecer os laços e as fugas, os encontros, a experimentação política livre do capital. Sem isso, a ideia de paz não passa de uma abstração genérica e impotente ou de uma imposição de certos grupos sobre todos os outros. Lutamos para abrir ações e espaços concretos onde a cidade seja experimentada por todos (um exemplo nítido foi o catracaço10), e se torne, cada vez mais, a rede produtiva de alternativas concretas.

NOTAS

  1. Texto do Filósofo Peter Pál Pelbart publicado na Folha de São Paulo http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2013/07/1313378-peter-pal-pelbart-anota-ai-eu-sou-ninguem.shtml

  2. Maurício Lazzarato, Trabalho Imaterial pag 80

  3. Estou me referindo a publicidade onde um personagem está numa situação ruim e outro ao invés de alertar para a situação, fala sobre como é melhor pagar com tal cartão…

  4. Maurício Lazzarato, Trabalho Imaterial pag 75

  5. Como Nietzsche nos ensina, uma dose correta de niilismo pode ser fundamental para ultrapassar o senso comum, sendo logo depois acrescido da alegria que pode restituir a potencia.

  6. Gilles Deleuze, Mil Platôs Vol 5, pag 158

  7. http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/02/140216_investigacao_pm_protestos_mm_lgb.shtml

  8. http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/02/1408711-militar-admite-que-participou-de-farsa-na-morte-de-rubens-paiva.shtml

  9. Gilles Deleuze, Mil Platôs Vol 5, pag 175

  10. Catracaço foi uma ação saída das ultimas manifestações na estação de trem da Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Os manifestantes junto com moradores pularam as catracas dos trens, evitando o pagamento de passagem naquele dia. Claro, é uma experiência pequena mas que demonstra a realidade de insatisfação popular e os possíveis resultados de um trabalho coletivo mas extenso.

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