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O beabá do aceleracionismo, entrevista a J. Urbina e D. Luna

Por Javier Urbina e Daniel Luna, em Lâmula, 9/3/14 (Peru) | Trad. Aukai Leisner

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A UniNômade traduziu a entrevista de dois pesquisadores peruanos acerca da discussão do aceleracionismo, que hoje apresenta várias vertentes, como a versão original hiperliberal de Nick Land ou o progressismo à esquerda de Alex Williams e Nick Srnicek. Mas também uma corrente marxista menor, que tenta se apropriar dessa linha de pensamento para contribuir na radicalização, no bojo das lutas e do trabalho vivo, das derivas inelutáveis das consequências dissolventes do processo do capital. (N.E.)

Obs.: Mais textos sobre o aceleracionismo serão publicados, muito em breve, no número 41 da Revista Lugar Comum.

Introdução à entrevista (Redação Mulera e Alonso Almenara)

“É mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo”. A famosa frase de Fredric Jameson, esgrimida frequentemente por Slavoj Zizek e seus acólitos, não deixou de ressoar funestamente no imaginário progressista do nosso tempo, porque dá conta de uma sensação geral de estancamento, no que concerne à elaboração teórica de possíveis futuros alternativos ao sistema capitalista. Com efeito, a superação do capitalismo parece cada vez mais fantasiosa, inclusive apesar do contexto de crise econômica global. Mas e se para gerar uma mudança radical não fosse necessário deter a máquina?

Marx já havia assinalado que o capitalismo carrega em seu seio os vetores de sua própria dissolução. O próximo passo é perceber que, já que se torna cada vez mais claro que não se pode deter o sistema, ainda resta aberta a possibilidade de soltar as amarras e acelerá-lo a fim de provocar seu colapso. Esta tese, quase de ficção científica, tem sido ressuscitada em diversas instâncias, particularmente na França sob o influxo dos eventos de Maio de 68, e na Inglaterra nos anos 90, impulsionada pela figura do notável filósofo niilista Nick Land.

Hoje, contra todas as previsões, a mesma hipótese parece regressar com força, especialmente graças ao trabalho de Alex Williams e Nick Srnicek, dois jovens doutorandos da London School of Economics, que publicaram em maio passado seu notável Manifesto para uma política aceleracionista (tradução pela UniNômade aqui). A ideia de uma revolução pelo excesso ao mesmo tempo me atrai e me assombra. Intrigado, decidi contactar Javier Urbina e Daniel Luna, dois intelectuais peruanos que tem trabalhado sobre o tema, de maneira vigorosa, e que vêm pensando em publicar em breve um compêndio de textos fundamentais do pensamento aceleracionista, inédito em espanhol.

Ambos aceitaram o convite. Inicialmente, a ideia era entrevistá-los por email, mas rapidamente a dinâmica se transformou na elaboração de um texto a dois, o que não deixa de me parecer perfeitamente afinado ao tema, uma vez que pode ser visto como uma alusão à dinâmica estabelecida entre o filósofo Gilles Deleuze e o psicanalista Félix Guattari, cujos textos O anti-Édipo e Mil platôs são justamente duas das principais fontes desta incipiente tradição filosófica.

O que é o aceleracionismo?

As origens filosóficas do aceleracionismo são essencialmente francesas e estão muito bem sintetizadas nas primeiras páginas de The persistence of the negative, livro de Benjamin Noys. Logo após o Maio de 68, muitos autores e ativistas buscaram respostas na invocação a disciplinas leninistas ou maoistas. No entanto, alguns outros teóricos embarcaram numa busca quase anarquista de liberação de toda a forma de disciplina ou organização, tanto à direita como à esquerda. Os autores mais representativos desta tendência são Deleuze, Guattari, Baudrillard e Lyotard, fundamentalmente em seus trabalhos da década de 70. Deixando de lado suas importantes diferenças, o que unifica todos esses teóricos é, para Noys, seguir uma versão da já clássica máxima marxista que conclama “aprofundar as contradições”. A ideia é que é certo que o capitalismo gere suas próprias formas de dissolução, então ele deve ser radicalizado até sua autodestruição. E “quanto pior, melhor”. Esta tendência é o que se pode chamar propriamente de “aceleracionismo”.

Qual é o giro que dá o aceleracionismo depois de Nick Land?

O que se enfatiza aqui é que o capitalismo pode ser entendido como motor de dissolução do que poderíamos chamar, de modo simplificado, de “o tradicional”, em que predominam relações de dominação e imposição essencialistas que acabam por engendrar um controle onipresente. O problema para o aceleracionista, neste ponto, não é que o capitalismo atual não gere dissolução, mas que não o faz o bastante. Digamos, um pouco grosseiramente, que não bastam eliminar os valores feudais…. a própria civilização burguesa deve ser erradicada também. Mas o que acaba acontecendo, quando se segue este tipo de diagnóstico, é que a agência política se torna cada vez menos relevante dentro de um processo capitalista que é progressivamente mais macro e decisório (poderíamos dizer que agência se dissolve na estrutura… ou na própria agência do capital global).

Desta herança, provém o aceleracionismo de Nick Land, a quem muitos consideram, por seu seu niilismo virulento, o Nietzsche de nossa época. Land, filósofo inglês agora radicado em Shangai, foi no início fortemente influenciado pelo Anti-édipo de Deleuze e Guattari. Na prática, o aceleracionismo landiano promove medidas libertárias de liberalização e mercantilização total. Então, é uma espécie de defesa do neoliberalismo, embora devido a razões profundamente niilistas que visam a radicalizá-lo, inclusive com o propósito de superar o ser humano, para que advenha um Techno-sapiens (uma técnico-racionalidade avançada, com uma arquitetura cognitiva mais avançada que a humana) e não um “super-homem”. No entanto, autores como Ray Brassier têm mostrado os problemas ontológicos e os riscos políticos que este tipo de projeto carrega consigo, sobretudo em suas formulações da década de 1990.

Em sua formulação mais contemporânea, ao se afastar um pouco da metafísica deleuziana da produção desejante, Land pensa o capitalismo como uma singularidade virtual ou como uma indivíduo real. Quer dizer, o capitalismo não é uma mera dinâmica social mas opera como uma entidade. Trata-se de uma entidade maquínica expansiva, cada vez mais eficiente, resiliente, e altamente adaptativa. Os humanos fazem parte dessa máquina e se servem, em maior ou menor medida, da informação vertida pela retroalimentação cibernética de sua produção, mas as duas (a raça humana e a raça capitalista) são entidades diferentes. Poderíamos dizer que, deste ponto de vista, a relação entre o capitalismo e os seres humanos é análoga à dos neurônios e nosso “eu”: se sem os neurônios dificilmente seria possível uma experiência de um fenômeno em que me reconheço como sendo “eu”, isto não nos leva à conclusão de que os neurônio fazem ou são o “eu”; ambos tem existências diferenciadas e atributos particulares, ainda que sejam interdependentes em uma modalidade de relação não-linear.

Da perspectiva de Land, tanto a política econômica humana quanto seus processos de decisão moral comprometem o processo expansivo da singularidade capitalista e desaceleram o processo produtivo otimizador de suas propriedades emergentes, especialmente, a inteligência. Ao contrário, quando o homem libera o capital e deixar de intervir em seu controle, acelera seus sistemas cibernéticos de alta frequência em termos de tecnologia e comércio e otimiza sua inteligência. Vale esclarecer que para Land a inteligência não é uma coisa psicológica mas um sistema cibernético de retroalimentação acelerada e altamente adaptativa. Quantos mais curto o espiral de retroalimentação, melhor (mais inteligentemente) funciona o sistema.

E como fica esse cenário agora que se começou a falar de aceleracionismo de esquerda?

Para os aceleracionistas de esquerda, cujos principais representantes são Alex Williams e Nick Srnicek, a raiz fundamental do aceleracionismo é a modernidade científica e filosófica, fundamentalmente a ilustração e o espírito marxista que advoga a emancipação da humanidade em seu conjunto. O ponto é retomar a importância da ciência e do conhecimento para promover uma autodeterminação genuinamente autônoma e coletiva. No entanto, não somente se pensa que a ciência é a causa da liberdade, mas que esta também reforça aquela em um uma circularidade virtuosa. É somente liberando o desenvolvimento da ciência dos interesses do capital que a real liberação pode advir (o que antes era chamado “o desenvolvimento das forças produtivas”). Para eles, se queremos transformações radicais na humanidade e na sociedade, pensemos nós na conquista espacial ou em novas formas de organização social que impliquem que trabalhemos menos e desfrutemos mais, temos que superar o neoliberalismo. O que o aceleracionista de esquerda traz novamente ao debate é que o capitalismo, em sua presente fase neoliberal, não somente gera injustiça, miséria, exploração etc, mas também freia o progresso.

Quais seriam as principais críticas que cada concepção de aceleracionismo teria para a outra?

Para o aceleracionista landiano, o aceleracionismo de esquerda é mais uma teologia política que não reconhece que a esquerda é um motor de dissolução, devido a suas exigências de centralização, planificação, Estado, partido, e mesmo com o culto à personalidade e o nacionalismo (é territorializante). Realizar os ideais de esquerda acaba em uma construção e reconstrução de sistemas que apelam a elementos tradicionais, além de serem opressivos e obstaculizarem o desenvolvimento científico e tecnológico (que para sempre está ligado ao livre mercado), gerando pobreza e morte. Em poucas palavras, o fracasso empírico do socialismo realmente existente é a refutação histórica da ideia comunista.

Por sua vez, o aceleracionismo de esquerda considera que seu antagonista mantém elementos tradicionais em sua versão neoliberal (em sua origem, valores vitorianos) e que, devido ao fato de estar subordinado ao capital, nada é possível a longo prazo, como a exploração espacial e a emancipação da humanidade por via da tecnologia, que já mencionamos. Na melhor das hipóteses, o que se pode fazer é a cada ano adquirir celulares mais bonitos e com telas maiores (um fetichismo dos gadgets), porém sem uma mudança qualitativa dramática.

O argumento pode ser verdadeiro, mas é analisado com um olhar de extremo curto prazo, surpreendente em pessoas que dizem promover o aceleracionismo (que supõe um projeto de baixíssima preferência temporal e, portanto, alta visão geracional e para o futuro). É certo que no prazo de vinte anos, os gadgets apareceram a cada poucos meses. No entanto, em intervalos grandes, pode-se também identificar um inegável progresso tecnológico que talvez tenha sido possível graças à liberação do mercado e não a seu controle e inibição. O correto aqui seria avaliar seriamente o progresso científico e tecnológico desde os primórdios da modernização ocidental e comparar rigorosamente em perspectiva se realmente se trata de pura “mediocridade”.

Para além de seus interesses e projetos divergentes, um mais niilista-pós-antrópico e outro mais ilustrado e humanista no sentido moderno, o certo é que em ambos os casos se questiona a abordagem da teoria crítica que não leva em consideração seriamente o estudo da economia, da produção, da ciência e da tecnologia. Nada relevante surgirá, para o aceleracionismo, de uma pura consideração simbólica, textual ou linguística. Nesse sentido, o aceleracionismo, tanto em Land como em Williams e Srnicek, considera que a pura exegese textual muitas vezes presente no “radicalismo chic”, não adentra no que constitui uma discussão relevante sobre o futuro. E por mais que se reclamem materialistas, na prática não são mais que idealistas simbólicos. Diante dessa situação, que seja o futuro o que ambos os tipos de aceleracionismo pregam, tanto na concepção de Land via uma espécie de tecnomaterialismo pós-humanista cyberpunk, como do lado esquerda de Williams e Srnicek, através de uma espécie de socialização coletiva, que libere, por meio da ciência, o ser humano de toda situação de dominação natural ou social.

Qual é a posição de vocês nesse debate?

Não cremos se tratar de um debate. E pensamos que pode ser equivocado e reducionista contrapor o aceleracionismo de Land ao aceleracionismo de esquerda como se fossem duas caras da mesma moeda. Na verdade, nos parece que a concepção landiana pensa a aceleração como um processo ontológico, enquanto o aceleracionismo de esquerda tem uma formulação mais similar à de um programa político. O aceleracionismo como tal seria a vertente que começa com os filósofos franceses marxistas que mencionamos e chega até Nick Land: a aceleração entendida como a otimização da inteligência da singularidade capitalista através da intensificação da atividade comercial e tecnoprodutiva por si, catalisando por sua vez o progresso tecnológico e econômico do homo sapiens, assim como a geração e consolidação de sua civilização (a ideia de civilização aqui seria mais de tipo anarcocapitalista: propriedade privada, liberdade individual, baixa preferência temporal, ampla visão a longo prazo, etc).

O que deve ficar claro é que, para o aceleracionismo, o que está em questão é otimizar a experiência da máquina capitalista. Se o processo civilizatório humano é uma consequência positiva de tal intensificação e liberação da singularidade capitalista, sua produção é um mero efeito secundário do fortalecimento do “despotismo do capital” (expressão de Jacques Camatte, mas pertinente ao diagnóstico). Poderíamos dizer inclusive que é eticamente válido falar da submissão total às condições do capital, porque assim o ser humano faria duas coisas de uma vez: 1) desenvolveria civilização e progresso tecnológico e 2) otimizaria a inteligência até que não seja mais necessária sua instanciação biológica (o corpo humano). Entretanto, de certo modo Land reconhece que nada disso jamais pode ser aceito se não se toma como axiomática a “destruição criativa” schumpeteriana e se aceita que para que a espécie humana como espécie possa ganhar, há sempre vários que terão que perder (esta também seria uma das linhas teóricas que um aceleracionista poderia utilizar para debater o tema das desigualdades sociais, a pobreza, e as crises econômicas). É a única maneira de diminuir nossa preferência temporal. O fato de pensarmos ser esse o aceleracionismo propriamente dito obviamente não desautoriza o projeto de Williams e Srnicek. Simplesmente questiona que se inscreva na mesma tendência. Poderia ser pensado talvez como uma hiper ilustração marxiano-prometeica, mas não é tão claro para nós que conserve os pontos centrais da tendência aceleracionista.

O que dizer, desde a perspectiva aceleracionista, sobre o Peru?

Sobre o Peru, em sentido macro, para ambos os tipos de aceleracionismo o que façamos ou deixemos de fazer é irrelevante devido a nossa importância marginal na economia global e no sistema de seguridade internacional (não temos realmente voz e voto nesse deserto). Se se pensar em um nível micro, mesmo sendo conscientes de sua iminente irrelevância (talvez ao modo de um contraditório imperativo ético da agência individual), poderíamos pensar que o imperativo aceleracionista landiano seria a promoção da mercantilização na sociedade, dissolvendo todo tipo de elemento tradicional em prol de uma sociedade o mais tecnocomercialista possível. Seria algo como um neoliberalismo, mas ateu, niilista e o mais liberador possível (“um neoliberalismo com face niilista”).

No caso da esquerda, o que se busca é também um desenvolvimento produtivo e tecnológico, mas com vistas a beneficiar a sociedade. Isso implicaria que haja um maior empoderamento e liberdade dos indivíduos. O problema é que o aceleracionismo de esquerda a nível local é impraticável, porque exige o elemento global do marxismo clássico (“não há comunismo num só país”). E o aumento dos benéficos sociais para os cidadãos só é viável com um aumento significativo da produção. Pode-se distinguir entre o aumento da produção e o caráter global da superação do neoliberalismo, mas neste caso as duas coisas estão intimamente vinculadas, devido à importância que se dá aos problemas globais (principalmente demográficos e ecológicos). O outro seria cair no assistencialismo, populismo e medidas neokeynesianas não sustentáveis a longo prazo. Ou pior, ecologismos primitivistas que são tudo menos realistas e viáveis (tudo isso descreve sem dúvida o espectro de posições políticas de nossa esquerda latino-americana).

Em todo caso, o que ambos fazem ao pensar no futuro é introduzir a possibilidade da inteligência artificial, com a diferença de que no caso de Williams e Srnicek ela parece subordinada aos interesses humanos. No caso de Land, a História parece um processo de intensificação, em que em certo ponto se produziu a singularidade tecnocapitalista e a humanidade se tornou progressivamente irrelevante. Se queremos usar a imagem marxista clássica, para a esquerda a questão é produzir “proletários tecnológicos”, que sirvam aos seres humanos. Para a visão landiana, o que se busca é a superação da humanidade por meio dessa nova inteligência evolutiva e ciberneticamente superior. No entanto, há que entender que esta posição não defende um projeto irracional de obsolescência humana ou um hedonismo niilista superficial. Se trataria na verdade de um projeto de intensificação do produto evolutivo mais extraordinário já criado (até onde sabemos hoje) no universo: a inteligência. A inteligência deve ser preservada e fortalecida a todo custo porque sua escassez, ao parecer cosmicamente absoluta, a torna o bem mais precioso do universo (esta é um das possíveis consequências derivadas do paradoxo de Fermi). Então, se a inteligência é o que há de mais escasso no universo, o fundamento e o valor de sua existência é um tema econômico, mais que ético ou político (talvez pudesse haver um acordo com a afirmação de Ray Brassier segundo a qual o pensamento tem interesses que não coincidem com os dos seres viventes). Nesse sentido preciso, ninguém quer eliminar nada apenas por fazê-lo. A única coisa que se deseja é preservar ou intensificar a inteligência, ignorando qualquer consideração sobre suas instanciações presentes (por exemplo, o ser humano). Também seguindo esta linha, não estaria correto afirmar que o atual aceleracionismo landiano é niilista e virulento. É um projeto plenamente otimista e afirmativo, mas absolutamente inumano. Um ponto importante a assinalar aqui é o tema dos recursos para a aceleração do capital tal como a defende Land. Se realmente se trata de acelerar a máquina a níveis cada vez mais extremos de produção e consumo, cedo ou tarde isso não terminaria por destruir a Terra? Não nos levaria a uma catástrofe ecológica mundial? A resposta a isto é evidentemente afirmativa, mas também deve considerar-se que as barreiras próprias da constituição fisiológica e cognitiva do ser humano (ou de outros seres vivos) não são barreiras ao capital (já que se trata de entes diferentes). O processo expansivo do capital não teria por que circunscrever-se a limites planetários. Frente à escassez de recursos terrestres, a indústria deverá necessariamente colonizar o espaço, minar primeiro a totalidade do centro da Terra, e logo o resto dos planetas, incluindo o Sol (sua energia é demasiado abundante e valiosa para desperdiçá-la). Se pensamos em uma inteligência completamente instanciada em outros suportes materiais que não os biológicos (que são tão frágeis frente às condições gravitacionais, às enormes distâncias espaciais e ao passar do tempo) não é difícil pensar em uma possibilidade de colonização espacial. Temas como esses foram abordados por Krafft Ehricke em O imperativo extraterrestre e o próprio Land em seu texto Lure of the void.

Para além dessas especulações sobre o futuro, que se avizinham à ficção científica, é interessante contar hoje com abordagens que vejam os problemas sociais e econômicos em perspectiva global, de mãos dadas com disciplinas atuais e questionando lugares comuns teóricos e empíricos. Mesmo assim, se trata de um debate que não produziu mais do que manifestos ou boas intenções, sobretudo no caso dos aceleracionistas progressistas. De modo que ainda é muito cedo para pronunciar-se sobre os fracassos ou sucessos que tais abordagens possam alcançar.

Daniel Luna é filósofo e professor da PUCP. Escreve em Vacío.

Javier Urbina é psicólogo com formação psicanalítica e associado à Nova Escola Lacaniana de Lima. Escreve em Critical Hit.

 

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