Sem Categoria

Corrupção e partidos

Por Hertz Leal, no grupo Favela não se cala

fios

Temos que falar em partidos e corrupção. O que nós diríamos se estivéssemos no lugar da Dilma?

A situação política das manifestações do povo na rua requer uma decisão nossa, então vamos ao conflito entre o que diz a imprensa financiada pelo poder econômico refletida nas ruas pela posição de algumas facções com agressões aos partidos e gritos contra a corrupção e a nossa proposta de emancipação pelas lutas populares.

Nós dos movimentos sociais que sempre convocamos manifestações para lutar contra as injustiças sociais na saúde, na educação, nos transportes, na dívida pública, na falta de moradia (contra às remoções), nas leis de exceção em razão de Copa do Mundo e Olimpíadas, na destruição da natureza, no massacre aos povos originários, na discussão dos gastos públicos e pela partição popular, estamos acordados e querendo o povo nas ruas para conquistar à transformação social e muitos de nós temos participação ou simpatia por poucos partidos de esquerda e contamos com apoio de raros parlamentares destes partidos.

A democracia burguesa em todo o mundo está sendo contestada, pois ela representa 1% da população, ou seja, os interesses dos poderes econômicos. No Brasil o quarto poder que é a comunicação comercial , que também reflete o pensamento desta elite econômica, busca influenciar a posição política das pessoas que assistem à televisão e aos outros meios, então o primeiro passo para uma nova democracia é a democratização dos meios de comunicação, ou seja, a quebra dos monopólios, da concentração através de lei específica e do investimento em meios de comunicação independentes do mercado, ligados aos movimentos sociais e às universidades. Precisamos de um amplo debate para diminuir a força do pensamento único estabelecido pela concentração dos meios de comunicação. Com a voz de vários pensamentos políticos podemos estabelecer uma discussão política democrática sobre partidos, representação política e propor uma reforma política que poderá diminuir a corrupção.

A discussão é representação política e corrupção, qual a solução imediata. Nós sabemos que quem corrompe é quem tem dinheiro, a máfia dos transportes em todas as capitais sustenta um mensalão nas câmaras de vereadores. As empreiteiras, os bancos, o agronegócio e as multinacionais sustentam o financiamento das campanhas eleitorais e mantém um lobby permanente com escritórios de advocacia que azeitam além do poder legislativo o poder judiciário e indicam nomes para ministérios e secretarias. Vamos falar de corrupção a sério, não entendemos como a presidente Dilma com seu partido sendo julgado pelo mensalão não teve a coragem de atacar com a reforma política e o financiamento público e exclusivo das campanhas eleitorais, vemos que o governo é refém da corrupção estabelecida, mas quando a direita udenista representada pela Globo e a Veja falam em corrupção estão apenas querendo mudar a gerência da quadrilha dos 1% que saqueiam o país com seus lucros exorbitantes e a utilização de paraísos fiscais através do capital financeiro.

A Dilma tem que se pronunciar sobre reformas estruturais é o momento de reforma política, com o uso da rede para ouvir, debater e encaminhar as vontades populares, precisamos já do financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais. As audiências públicas, os conselhos não podem continuar sendo instrumentos formais que debatem e depois eles fazem conforme os interesses econômicos, utilizando leis de exceção como estamos vendo, com o não cumprimento da Constituição, do Estatuto das Cidades, dos direitos indígenas e de tantas leis em razão dos interesses do Poder Econômico que realmente manda no país, mas só o conflito e a consciência das pessoas através das lutas por direitos poderá conquistar a transformação, provavelmente o governo se pronunciará com medidas paliativas para manter tudo com os mesmos mandantes.

Nossa luta é também contra alguns grupos que querem tomar o poder a força, dando golpes para saquear ainda mais o país e reduzir o debate político, com palavras de fora partido e contra a corrupção, mas querem uma solução conservadora e autoritária como foi golpe de 1964. Então apesar da nossa crítica profunda ao sistema temos que pensar numa transição conseguindo apoio dos trabalhadores e oprimidos de outros países, pois a crise é mundial, o capitalismo é um sistema mundial que destrói a natureza e as condições de uma sociedade que nos faça felizes. A influência dos EUA e das corporações internacionais em nosso país é muito grande, o processo de globalização aprofundou a dominação internacional, então precisamos pensar no processo de emancipação da dominação capitalista e da corrupção do sistema, com a organização popular e com a união contra o fascismo da direita que se apresenta no cenário.

Nas ruas, nas favelas e por toda cidade juntos pela transformação social.

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Hertz Leal é militante do Movimento Unido dos Camelôs (MUCA)

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