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Crítica do valor em tempos de megamáquinas

RESUMO

A partir da crítica do valor operada por Karl Marx, segundo a leitura operaísta de autores como Antonio Negri, Carlo Vercellone e Matteo Pasquinelli, este artigo apresenta um horizonte de lutas a partir da reapropriação do mundo da abstração generalizada em que vivemos. Na era da subsunção real, o capital não mais organiza o trabalho de fora, mas se interioriza no próprio ‘socius’ e, de dentro, passa a reestruturar a totalidade social, segundo a lógica da valorização e acumulação. Não existe mais “sociedade civil” para apostar-se, nem “trabalho concreto” ou “mundo real”, fora do tecido abstrato do tempo e do espaço, uma matriz da vida investida como produção, biopolítica. Não há “sociedade” fora da sociedade capitalista. As megamáquinas, um conceito do sociólogo Lewis Mumford, exprimem a condição presente da sociedade capitalista, em que imensas quantidades de mais-valor são extraídas dos fluxos e redes produtivos disseminados pelo ‘socius’. O valor passa a significar apenas uma relação de mando, amparada pelo direito e imposta policialmente. Neste contexto, não é caso de nostalgias, mas da reapropriação do próprio poder abstrato que conforma o “comum” produtivo hoje, inclusive as finanças. Na esteira dos autores citados, este artigo esboça a proposta de “sair por dentro” do processo de abstração da vida. Eis uma perspectiva de classe que abraça a condição presente, imerge na composição das subjetividades resistentes por dentro das megamáquinas, e assim se esforça para explodir o valor no sentido “dentro e contra”, como libertação do trabalho vivo “megamaquinado” como sociedade capitalista.

Por Bruno Cava

Para Marx, o capitalismo é um sistema baseado na exploração do trabalho. Precisa que 1) as pessoas sejam governadas para trabalhar e 2) parte da riqueza produzida pelo trabalho seja apropriada pelo capital. É no trabalho que se chocam os mecanismos de controle e as estratégias de luta, o ponto nodal da luta de classe. E é na sua análise que se evidencia a posição de classe, contra qualquer culto do interesse geral ou humanismo burguês. Por isso, a perspectiva marxista adota a centralidade do trabalho como método de análise. Perspectiva aqui, tem um sentido filosófico próprio. No marxismo, toda grande síntese — a sociedade, o estado, a humanidade — deve ser estilhaçada, conceitual e praticamente, na medida de sua multiplicidade, denotando as divisões, as tensões e os antagonismos do social. A perspectiva marxista assume um ponto de vista específico, funciona sob a espécie do proletariado. Esta perspectiva não visa a enxergar as coisas de outro modo, como se fosse preciso desmascarar uma realidade falsa. O marxismo, mais que uma mera ciência atrás da verdade objetiva, é um perspectivismo, e assim procede mediante a produção de subjetividade. A perspectiva é de classe porque ativa sujeitos. Que tendencialmente se põem na contramão da opressão de classe, se autonomizam, se libertam. Trata-se dos sujeitos que, em primeiro lugar, constroem eles próprios essa perspectiva, como resistência e reexistência. Realizam isso ao cooperar, se organizar produtivamente, afirmar a sua autonomia e imaginar o diferente. A classe se autoproduz como luta. A organização, a imaginação e a autonomia são consequências desse trabalho da perspectiva. Todas essas qualidades subjetivas — perspectiva, ativação, autonomia, tendência antagonista, imaginação — já consistem, desde o princípio, em elementos do próprio trabalho. Produção e política estão dentro uma da outra. De modo que, segundo Marx, a luta acontece sem se colocar fora do próprio plano do trabalho. O inimigo é imanente.

Na definição de Marx, o trabalho é atividade viva, expressão imediata, é processo de mudança e afetação do real; ele tem uma existência puramente subjetiva. “O trabalho não como objeto, mas como atividade, não como valor ele mesmo, mas como a fonte viva do valor.” [1] O trabalho tem uma dimensão ontológica: é o que pode transformar as coisas, o que as faz ser, ser outra coisa, deixar de ser. Uma operosidade real com impacto imediato na constituição do mundo. Ele é “fogo plasmador” e “força criativa” (termos de Marx). Porque o capital, sozinho, não cria nem transforma nada. Seu processo é ativado somente quando se apropria do trabalho, e deixa se animar por suas potências. O trabalho consiste no seu pressuposto, seu alfa e ômega. Incorporando o trabalho, “o capital entra em fermentação e devém processo” [2]. Na verdade, o capital só pode existir assentado sobre as forças do trabalho vivo. É ele mesmo também trabalho, embora objetivado. Eles se colocam em relação e só existem nela. Mas se trata de uma relação assimétrica. O capital se deita sobre o trabalho vivo e sobrevive dele, enquanto o último é subjetivamente autônomo, e pode existir sem o capital. Nesse sentido, o capital tem um grau de potência inferior, uma vez que não pode deixar o trabalho vivo se expandir inteiramente. O capital separa o trabalho de tudo o que ele pode. Se o deixasse agir livremente, o trabalho vivo terminaria por afirmar in extremis as qualidades de autonomia e imaginação real, que levariam a classe a depor definitivamente o capitalismo. Essas qualidades são políticas e, em última instância, insurgentes. O governo capitalista manipula os medos, mas no fundo quem deveria ter medo é ele mesmo, e não admira nas revoluções o medo mude de lado. Seja a própria mudança de lado. Quer dizer, as qualidades subjetivas do trabalho precisam ser contidas na objetividade do capital, mantê-la do lado disciplinado e controlado, o que consiste numa tarefa política. No capitalismo, não há distância entre exploração do trabalho e governabilidade. O capital é o trabalho objetivo ou amortecido como resultado do governo dos trabalhadores, da imposição de uma separação.

Na base da exploração do trabalho, portanto, sucede uma operação de separação. De um lado, fica o trabalho vivo. Do outro, o trabalho objetivado. O primeiro é condição do segundo, seu fermento, sua razão de existir. Essa separação é contingente e sobretudo impositiva, já que trabalho e capital, no fundo, não se separam. Podem apenas distinguir-se, enquanto faces subjetiva e objetiva do mesmo processo, mas não se separar absolutamente. Esse divórcio agora aparece igualmente como produto do próprio trabalho, como concretização, como objetivação de seus próprios momentos.[3] Os arranjos da maquinaria capitalista dependem dessa separação manter-se funcional. Além da necessidade de incorporar o trabalho, o capital necessita separar-se, como uma forma estranha, da própria substância de que é feito. O corpo do capital se forma exatamente nessa operação dinâmica. A seguir, o capital se apresenta como síntese dos dois pólos da relação, como a superação de capital e trabalho, reafirmados juntos novamente como capital. Atribui-se as capacidades sociais de que se apropriou no princípio, para fermentar e continuar funcionando. Nesse ponto de vista, é ele quem faz um favor aos trabalhadores, pagando-lhes uma cota da produção social, e não o inverso. “É no processo dessa diferenciação e de sua superação que o próprio capital devêm processo” [4].

A coagulação da atividade criadora do trabalho vivo aparece como valor. A separação entre trabalho vivo e trabalho objetivado, entre trabalho e capital, é a mesma entre atividade geradora de valor e valor. O valor está do lado da objetividade, mas é a superfície de contato com a subjetividade. Porque é a forma imposta ao trabalho pelo capital, como sua fixação e mensuração. É figura do capital, nunca do trabalho. Embute uma “grandeza dada” que representa a “sua força criativa pela capacidade de trabalho” [5]. O valor mede não só quanto vale cada coisa, mas quanto vale o próprio trabalho. Dessa maneira, comensura salário e bens de consumo, isto é, mede o quanto cada qual faz jus da cota da produção social. O momento do trabalho incorporado ao capital, — logo, medido pelo valor, — é chamado por Marx de “força de trabalho”. O salário caracteriza a força de trabalho, visto que representa a medida de quanto vale, do ponto de vista do capital, o trabalho. O trabalho assalariado também é figura do capital. A revolução liberta também do salário, como um dos momentos de síntese e comensuração impostos pela ordem capitalista.

O capital consiste no deslocamento ou transposição do trabalho vivo [6], — este que nunca deixa de exprimir imediatamente o que pode, — ao plano despotencializado das mediações, ao plano do modo capitalista, aquilo que mede e governa através do valor, que mede governando e governa medindo: o mercado e o estado. Eles garantem a reprodução da relação do capital, isto é, a separação que o valor rasga no núcleo do trabalho vivo. “O que aparece como resultado do processo de produção e valorização é, sobretudo, a reprodução e a nova produção da própria relação entre capital e trabalho, entre capitalista e trabalhador.” [7] Não admira que certo estado e certo mercado, como mediações da produção social, possam ser considerados por teóricos burgueses como a ordem mínima de um suposto “consenso sobreposto” da sociedade. Precisamente, o consenso capitalista sobre a ordem mínima para o capital funcionar.

Da perspectiva de classe, entretanto, o valor exprime o ponto em que a classe é incorporada à lógica do capital. É o ponto em que a sua perspectiva pára de trabalhar, desativando os sujeitos. Sucede a objetivação do trabalho como governabilidade. Daí o porquê de o capital absorver o trabalho vivo, trocando-o por uma cota da produção social. Esse cota necessária para solidificar o valor permanece, no entanto, sempre variável, no interior do movimento. Ela varia não em função de algum valor objetivo do trabalho e das coisas, e muito menos ao sabor da “lei da oferta e da procura”, como uma economia fetichizada poderia fazer crer; mas em funçãodo estado dos tensionamentos gerados pela afirmação da autonomia de classe. Essa afirmação é múltipla. Dá-se tanto como luta e recusa direta ao trabalho subordinado pelo capital, quanto como pelo alargamento das necessidades e desejos, das esferas de realização da liberdade. A classe se autoproduz também ao demandar uma cota cada vez maior, numa expansão sem limites de seu escopo. Isso desestabiliza as tentativas de fixação do valor.  O valor das coisas abarca a luta de classe. O valor está em crise como tensão intrínseca. A perspectiva de classe parte dessa crise, e nesse sentido constitui um método materialista. As relações materiais sintetizadas pelo capital no valor reaparecem. Quanto a coisa vale já embute uma operação de fixação das qualidades subjetivas do trabalho. É uma dupla violência. Primeiro, o estranhamento do que é produzido daqueles que produziram: o valor aparece aos trabalhadores como um atributo alheio a si, sob a propriedade e gestão de outros. A autonomia de classe é condicionada à heteronomia do comando capitalista. Segundo, essa fixação reduz a potência da produção, na medida em que precisa manter sob controle as qualidades de autonomia, cooperação e imaginação próprias do trabalho vivo. Do que se pode concluir que a aceleração do processo, isto é, a organização da autonomia/cooperação/imaginação, seja hábil para libertar o trabalho vivo.

Marx critica a economia política clássica justamente por ela erigir a lógica do valor ao estatuto de ciência. Seu ataque teórico contesta as tentativas de alçar a exploração do trabalho à verdade objetiva. E, assim, contornar os dois lados inconfundíveis, negando o caráter de relação ao capital. “Que os economistas confundam essas determinações é perfeitamente compreensível, visto que têm de confundir os dois momentos da relação entre capital e trabalho.” [8] O que significaria naturalizar cientificamente o capitalismo, desaparecer-lhe do horizonte teórico e prático. Não à toa, a economia política clássica fora tachada de economia burguesa, uma ciência do status quo, um palavrório do capital voltado a anular a perspectiva de classe, desativar os sujeitos, dissolver a luta. Mas não. O mercado mistifica a materialidade da luta no âmago do valor e sua métrica.

No Fragmento sobre as máquinas, Marx desenvolve como a objetivação do trabalho atingiu uma nova escala graças ao desenvolvimento das máquinas, sua complexidade e interconexão. O desenvolvimento das forças produtivas chegou ao estágio que o mais certo não é dizer que os indivíduos operem as máquinas, mas que as máquinas operem o homem. É possível dizer que o indivíduo seja uma peça, um circuito eletrônico, um impulso magnético das máquinas, “(…) um vasto autônomo, composto por numerosos órgãos mecânicos e intelectuais que operam de maneira concertada e ininterrupta para produzir (…)”[9] e “de modo que os próprios trabalhadores são definidos somente como membros conscientes dele” [10]. Um processo monumental que cobre múltiplas atividades e níveis de produção e reprodução, algo como a megamáquina de Lewis Mumford [11], servida de uma multidão de outras máquinas de inumeráveis tamanhos e acoplamentos mútuos. Isto não significa que o indivíduo foi desumanizado, como lamentam teóricos da razão instrumental ou decadentismo tecnológico. Mas sim que as máquinas foram humanizadas. A humanidade perpassa o funcionamento das máquinas, atravessadas das qualidades imateriais, potências míticas e ânimos subjetivos. “A ciência, que força os membros inanimados da maquinaria a agirem adequadamente como autômatos, não existe na consciência do trabalhador”. [12] O humano se maquinizou. O corpo humano e as partes de seu organismo, o cérebro e os sonhos se tornaram dispositivos de uma megamáquina. Os elementos maquínicos estão inteiramente incorporados ao humano e vice-versa, em comunicação interna mútua. Dez mil microconexões no nível do comportamento, da percepção, do desejo, da sensibilidade. Neste cenário que é o nosso, o indivíduo não é mais que uma existência particular, concretizada pelo funcionamento maquínico como um todo. A máquina como ente abstrato não deixa de ter existência real; pelo contrário, enerva esse real como uma força inconsciente operativa. Daí, outro tipo de indivíduo tenha emergido como expressão das forças produtivas. Menos o indivíduo coletivo, do que o “indivíduo maquínico”, um personagem molecularizado, impessoal. Está disperso pelo funcionamento geral da maquinaria, radicais livres em meio desbloqueado para fluxos a altas velocidades e trajetórias errantes. É uma espécie de inteligência comunalizada de enorme abrangência, uma subjetividade pura, que Marx chama general intellect (intelecto geral difuso). Este reorganiza toda a produção, como “órgãos imediatos da práxis social; do processo real da vida”[13] Nada separa mais o social do maquínico, do imediatamente produtivo pelo “fogo plasmador” e “força criativa” do trabalho vivo. As máquinas estão organicamente acopladas ao humano; são corpos-máquinas ultraprodutivos e vívidos. “Elas são órgãos do cérebro humano criados pela mão humana; força do saber objetivada.” [14]

O problema não é tanto a consistência da megamáquina. Na verdade, ela implica uma mutação do trabalho gerada autonomamente. É ação de classe. Consiste na elevação a um novo nível das capacidades imaginativas, cooperativas e afetivas, do trabalho vivo. As forças produtivas também têm história. O problema está no uso que o capitalismo faz da megamáquina. O capitalismo se projeta sobre uma máquina cada vez mais integrada e globalizada, e cada vez mais penetrante no cotidiano. Ao acionar o ponto de vista do capital, as máquinas aparecem como objetivadas. Isto ocorre, em primeiro lugar, quando essa perspectiva capitalista atribui às tecnologias, técnicas e ciências um caráter alheio à atividade viva. Ou seja, um valor. Uma objetivação de grande monta, se se considerar como a totalidade do processo produtivo se encontra subsumida pela megamáquina. Aplica-se novamente a operação capitalista por excelência, de separar o trabalho do que ele pode, fixando-o e assim fixando-se como capital. Como se as máquinas nada tivessem a ver com as pessoas que colaboraram para pensá-las, projetá-las e construi-las, e portanto nada devessem os capitalistas aos trabalhadores em função daquelas. “O capital traz à vida todas as forças da ciência e da natureza, bem como da combinação social e do intercâmbio social, para tornar a criação de riqueza (relativamente) independente do tempo de trabalho nela empregado. Por outro lado, ele quer medir essas gigantescas forças sociais assim criadas pelo tempo de trabalho e encerrá-las nos limites requeridos para conservar o valor já criado como valor.” [15] O efeito combinado desses agenciamentos produz uma riqueza muito maior do que nos primórdios do capitalismo. Essa temporalidade produtiva, coalhada pelos inumeráveis agenciamentos excede, em muitas ordens de grandeza, quantitativa e qualitativamente, o tempo de trabalho individual ou coletivo.

Disto decorrem várias consequências, em tempos de capitalismo maquínico. O valor passa a ser objetivado a partir de um trabalho socializado que não acha mais medida possível, — como gostariam de aplicar os economistas políticos e sua racionalidade quantificadora. A teoria do valor ricardiana é a primeira a perder o sentido. É o canto do cisne do liberalismo clássico. Faz-se necessário agora governar a totalidade do social na desmedida de sua produtividade. A crise é tornada permanente, como incapacidade de manter a cadeia de equivalências entre o trabalho e o capital. Época de mercados flutuantes, crise globalizada, financeirização da economia e neoliberalismo. Modos de governar a população no capitalismo hoje. De salvaguardar um valor que, agora, não passa da simples reprodução, mais ou menos violenta, mais ou menos tumultuada, da relação social do capital. Arrancado da mistificação da economia de mercado, o valor revela iniludivelmente a sua essência expropriatória.

Portanto, a maquinaria não deve, aqui, ser entendida como tecnologia ou técnica objetivas. Não existem em si. No marxismo, técnica, ciência e tecnologia também são conceitos determinados politicamente, e portanto cortados pela luta de classe. O contrário é pensar com o capital. Noutras palavras, ver apenas o caráter formado e objetivo da tecnologia social, o que significa atribuí-la ao lado da apropriação. O trabalhador não teria nada a ver com os processos tecnológicos, científicos, o que significa simplesmente que não pertence a eles, não deve geri-los, que não deve ser pago por isso. O ponto de consolidação do valor se move intensamente em direção à exploração do trabalho. E se o mundo se maquinizou, então isto quer dizer nada menos que a perda do mundo.

Contudo, a máquina traz em si a subjetividade; é recheada de conhecimentos e afetos que agem, que exercem o “fogo plasmador” do trabalho vivo. As possibilidades e oportunidades da resistência também se disseminaram pela totalidade social posta a trabalhar. É a grande aposta do operaísmo italiano encabeçado pelo filósofo Antonio Negri. A luta de classe no campo do maquínico multiplica os elementos de autonomia e as qualidades inventivas. Se o valor está reduzido à relação de puro mando, não há mais nenhum obstáculo concreto para a libertação do trabalho vivo. O valor pode ser simplesmente deposto como mediação, assim como o mercado que o metrifica, abolindo o trabalho objetivado, explorado. A formação da megamáquina confere o otimismo de que as condições para a superação do capitalismo chegaram à maturação. Um processo antagonista dentro e contra, de ativação dos novos sujeitos disseminados pelo “social” maquínico. Isso passa pela reapropriação do abstrato que o matiza. O poder fluido das finanças pode ser posto a serviço de um autogoverno das forças do trabalho vivo, autonomizadas e cooperativas, sem apelar ao valor. Uma produção selvagem de subjetividade, para colapsar os mecanismos de controle e exploração. Uma perspectiva capaz de devorar o inimigo em sua pretensão de imanência, livrando o real de seu duplo esmaecido, seu ressentimento produtivo. O mundo, todavia, ainda é nosso.

 

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NOTAS:

[1] – Marx, Grundrisse…, São Paulo: 2011, Boitempo. p. 230

[2] – Ibid. p. 234.

[3] – Ibid, p. 372.

[4] – Ibid, p. 232.

[5] – Ibid, p. 240

[6] – Ibid, p. 241

[7] – Ibid, p. 377

[8] – Ibid, p. 233.

[9] – Ibid, p. 578. Marx está citando Andrew Ure.

[10] – Ibid, p. 580. Do próprio Marx.

[11] –  MUMFORD, Lewis. The Myth of the Machine: Technics and Human Development. New York: Harcourt Brace Jovanovich, 1969.

[12] – MARX, Op. cit. p. 581

[13] – Ibid. p. 589

[14] – Loc. cit.

 [15] – Loc. cit.
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REFERÊNCIAS:

FUMAGALLI, Andrea. Bioeconomia e capitalismo cognitivo. Verso un nuovo paradigma di accumulazione. Roma: Carocci, 2012.

MARX, Karl. Grundrisse… São Paulo: Boitempo, 2011.

NEGRI, Antonio. Crise della legge del valore-lavoro. verbete in DEL RE, Alisa et al; Lessico marxiano. Roma: manifestolibri, 2008. p. 117-136

____________. Marx beyond Marx. Trad. Harry Cleaver. NY: Autonomedia, 1991.

____________. Spunti di ‘critica preveggente’ nel Capitolo VI inedito di Marx. In site UniNômade, 2012. http://uninomade.org/critica-preveggente-capitolo-sesto/

PASQUINELLI, Matteo. Il numero della bestia collettiva. Sulla sostanza del valore nell’era della crisi del debito. In site UniNômade, 2012. http://uninomade.org/numero-della-bestia-collettiva/

SERSANTE, Mimo. Il ritmo delle lotte. La pratica teoria di Antonio Negri (1959-1979). Verona: ombrecorte, 2012.

VERCELLONE, Carlo. La legge del valore nel passaggio dal capitalismo industriale al nuovo capitalismo. In site UniNômade, 2012. http://uninomade.org/vercellone-legge-valore/

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