No dia 26 de Maio de 2012 aconteceu em diversos locais do mundo e principalmente no Brasil a Marcha das Vadias. Foram em torno de 20 cidades em todo o Brasil que aderiram a Marcha nesse dia. Entre as cidades brasileiras que realizaram o protesto estão Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Florianópolis (SC), Vitória (ES), São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS).
A Marcha das Vadias no Rio de Janeiro foi um acontecimento que produz um novo fôlego ao feminismo, mas de modo geral a todos os movimentos sociais. Trata-se realmente de um tipo novo de manifestação. A forma como foi dada a Marcha cria uma nova forma de atravessar a metrópole com pautas políticas, onde são exaltados aspectos transversais das lutas, ou seja não existe uma bandeira nem muitas bandeiras, eram muitos afetos (dinâmicos e produzidos no encontro) e dos mais diversos e diferentes, a cada momento e em cada local da marcha se podia ouvir um “grito” diferente, se podia ver cartazes variados, se podia sentir corpos indignados, amorosos e principalmente sedentos de liberdade. A Marcha assim se produzia com muitas cores e sabores. A multiplicidade pressionou a rotina do famoso bairro de Copacabana, fazendo emergir uma vontade de poder ser quem se verdadeiramente quer ser, de fazer o que se verdadeiramente quer fazer e não se restringindo ao esperado e ao normatizado, em suma ao já codificado e aceito pela moral e bons costumes. Era o retorno (dos que nunca se foram – Hey puliça sua filha é feminista) das e dos indesejáveis, daquilo que foge a norma por desejar tão intensamente. Os desejos de gozar de suas próprias vidas, e ao mesmo passo sabendo que para isso ser possível é necessário conjuntamente gozar a vida com/dos outros (Sexo anal para acabar com o capital). Desejos que desestabilizam os protocolos, desejos de verdade e liberdade. E pode-se observar como esses desejos incomodam e atordoam, expresso na igreja e comunidade católica que ao se ver ocupada por todos aqueles corpos (que sempre massacrou – o começo do vídeo abaixo mostra bem isso) não sabia como reagir a não ser com violência. Como pode ser visto na reação dos policiais que acompanhavam a Marcha, que ao se verem confrontados pelas e pelos mais ou menos 1000 manifestantes que ocuparam as ruas não agiram como sempre, com truculência, mas se podia ver em seus rostos a dúvida, a incerteza e poderíamos dizer o medo que o novo produz aqueles que existem por excelência para manter a ordem e o estado atual das coisas. Eram travestis e mulheres seminuas com frases e desenhos pintados em seus corpos – pedindo a legalização do aborto e afirmando a sua sexualidade (my pussy é o poder) – que “organizavam” o trânsito e negociavam com os policiais o avanço da marcha a pista de carros, que “organizavam” os caminhos a serem percorridos pela Marcha e logo os “transtornos” a rotina. Sem megafones e sem carros de som (tradicionais em comícios e grandes marchas) mas com muita irreverência, ironia e diversão a Marcha das Vadias ia invadindo a dinâmica da metrópole pedindo respeito porque é bom e nos goz(t)amos.
Aqui um vídeo da Marcha e abaixo o manifesto da Marcha seguido de uma galeria com algumas fotos recolhidas da internet.
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