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Sem Categoria

Prenderam Ernesto Fuentes Brito

Por Adriano Pilatti

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Uma das pessoas mais sensatas, equilibradas, serenas, educadas, gentis, apaziguadoras e pacíficas que já conheci em toda minha vida, o que não o poupou, há mais de um mês, de quase perder um dedo de uma das mãos depois de uma pancada desferida por um troglodita fardado, que lhe rendeu dois pinos e a mão enfaixada até hoje, um jovem capaz de dialogar, paciente e respeitosamente, com qualquer policial minimamente racional, e que me presenteou há poucos dias com o desenho abaixo, em homenagem à minha admiração pelo slogan Por uma vida sem catracas.

Prenderam Sininho – uma garota com virtudes equivalentes… que poder abjeto é este capaz de prender uma menina cujos atributos lhe renderam tão singelo e doce apelido?

Prenderam um jovem Palhaço – recém-chegado ao Rio, que estava na Cinelândia de bobeira.

Prenderam um Carteiro (!) e um funcionário do Ministério Público Federal (!!), negro (…) que estavam na escadaria da Câmara Municipal esperando a confusão passar.

Nenhum(a) dele(a)s participou de qualquer ato de violência ou depredação.
Policiais deram tiros a esmo contra a multidão, com balas de verdade, e feriram dois garotos. Advogado(a)s abnegado(a)s foram duramente insultado(a)s e humilhado(a)s pelos jagunços de Estado por tentar impedir prisões arbitrárias, garantir a ampla defesa e a presunção de inocência. Um menino-herói mais do que pacífico, ativista do Mídia Ninja, foi preso por filmar e mostrar a verdade dos fatos que a impren$a de negócios teima em censurar.

Uma ocupação pacífica, produtiva, democrática, criativa, notabilizada pelo respeito mútuo entre o(a)s participantes das mais diversas orientações e pela gentileza dedicada aos cidadãos em geral que por ali transitavam foi desfeita inconstitucional, ilegal e truculentamente, e o(a)s ocupantes presos pelos “crimes” de exercer as sagradas liberdades de reunião e expressão, denúncia e protesto diante de uma “Gaiola de Outro” que hoje abriga uma fábrica de pequenos, médios e grandes golpes contra o patrimônio e o interesse públicos e os bens comuns.

Tudo isso aconteceu no Dia dos Professores, sob a responsabilidade de um tirano de aluguel, com o apoio tácito do Partido dos Trabalhadores e sua máquina de boquinha$, sob o manto acobertador da mídia a$$ociada, e com o beneplácito de uma intelectualidade apodrecida e cúmplice.

Choro por esse(a)s menino(a)s preso(a)s injustamente, agredido(a)s e ferido(a)s covardemente pelos capitães do mato renascidos. Choro pela minha Cidade, violentada pela associação cínica entre Estado e Capital. Choro pela Constituição que ajudei a escrever, rasgada por um estado de exceção não decretado.

Mas não desistiremos. Continuaremos a lutar pelos direitos e pelas liberdades. Perseveraremos em denunciar a farra escabrosa dos patifes que tudo destroem por dinheiro. Não passarão. O sol da liberdade há de raiar outra vez na Muy Leal e Heroica Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Okê Okê!

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