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Dossiê black rolezinhos

Por Editoria

blackrole

Nas últimas semanas, jovens da periferia de São Paulo conseguiram impor uma pauta ao noticiário nacional. Sua primeira vitória foi derrubar o termo arrastão, que historicamente é usado nesta sociedade neoescravocrata para descrever qualquer aglomeração de negros e pobres nos “lugares errados”. A criminalização contra os rolezeiros está apenas expondo mais uma vez a verdade do sistema penal: o racismo e a violência de classe institucionalizados. Os rolezinhos perturbaram decisivamente a paz de vencedores, em vigor nos espaços higienizados pelo estado e o mercado para o interesse geral da regularidade da acumulação capitalista. Nos rolezinhos, a ostentação, a organização, a reapropriação da cadeia produtiva e a prática sistemática da ocupação se mostraram formas potentes de produção de subjetividade, assustando os humores muito suscetíveis de governos e empresas. A azia dos senhores da ordem está se aprofundando, na medida em que os sujeitos políticos cevados no levante de 2013 esboçam uma mistura que tem tudo para funcionar. Blogueiros chapa branca já se apressam em alertar para a hibridação à vista, enquanto a “vanguarda sentada” do movimento segue aguardando as inefáveis condições ideias para a revolução. Por enquanto, além da capacidade de aparelhar a grande mídia e contornar o sistema penal neoescravista, o rolezinho está conseguindo proliferar por outras cidades do país, convocando afinidades e aliados. Para cobrir mais esse evento potente das lutas no Brasil, a UniNômade republicou uma série de textos sobre os rolezinhos:

Rolezinho. Ostentar é contestar“, por Cleber Lambert.  “É preciso dizer desse acontecimento que ele instaura uma subjetividade política.”

Dê um rolê: por dentro e contra“, por Murilo Correa. “Black blocs e os jovens do rolezinho são os maiores filósofos do direito de que o Brasil teve notícia nos últimos anos.”

Rolezinho é ação afirmativa contra racismo“, por Bruno Cava. “O  rolezinho não só expõe e denuncia o racismo institucional do capitalismo brasileiro, como afirma um mundo, cria um acontecimento.”

Quando a classe sem nome vai ao paraíso“, por Hugo Albuquerque. “Se o liberalismo jamais criou vedações formais para os fluxos, ele tratou de não criar jamais mecanismos que pudessem dar subsídios materiais para isso poder se tornar um problema.”

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