UniNômade

Chamada para Artigos de Sessão Temática: Cartografias do Sul, do Sol e do Sal

O Grupo de Estudos Cartografias do Sul, do Sal e do Sol abre chamada para envio de artigos e contribuições para a realização da sessão temática ‘Cartografias do Sul, do Sal e do Sol’ que será publicada na Revista Lugar Comum: Estudos de mídia, cultura e democracia (ISSN/1415-8604), periódico editado pela Universidade Nômade e pelo Laboratório de Território e Comunicação (LABTeC/UFRJ).

Os artigos serão aceitos até 15 de outubro de 2014 (O PRAZO FOI PRORROGADO ATÉ O DIA 29 DE OUTUBRO) e devem ser enviados para o e-mail: cartografiasdosul@gmail.com. O eixo central de discussão da sessão temática está ancorado na disputa pela noção de cartografia, para além da perspectiva clássica relacionada ao georreferenciamento. A iniciativa pretende dar continuidade às investigações do Curso ‘A Cartografia enquanto Método de Pesquisa em Humanidades: Cartografias do Sul, do Sol e do Sal’, promovido por Bruno Tarin, Giuseppe Cocco e Laila Sandroni no âmbito do LABTeC/UFRJ e da ECO/UFRJ no primeiro semestre de 2014.

O curso teve como foco analisar as práticas e teorias desenvolvidas por pesquisadores brasileiros que articulam a cartografia enquanto ferramenta para a pesquisa de contextos políticos, sociais e culturais através da incorporação dos aspectos cognitivos e/ou afetivos dos territórios. A cartografia enquanto método de pesquisa em humanidades surgiu a partir das críticas e reformulações acerca da concepção clássica de conhecimento científico como uma proposta de construção de saber mais aberta para os aspectos subjetivos e contextuais, que busca incorporar a dimensão processual, contingente, relacional e limitada de qualquer forma de representação e se afasta dos atributos de neutralidade e universalidade do projeto moderno de ciência. No Brasil, a cartografia materializou-se em diversos horizontes teóricos articulados por uma incorporação seletiva reorganizada de perspectivas europeias. Essa materialização ancora-se em culturas antropofágicas que adotam ao mesmo tempo em que reorganizam a forma de pensar do velho mundo. Ao longo do curso investigou-se a adoção desta estratégia de pesquisa em suas diferentes vertentes provenientes de variados núcleos de pesquisa e áreas do conhecimento.

Terão preferência para compor a sessão temática trabalhos que tratem da cartografia como um modo de fazer pesquisa a partir de cinco principais perspectivas teórico-epistemológicas:

  • Cartografia do Desejo

Materializada pela contribuição de uma série de autores, sobretudo filósofos e psicólogos, cuja unidade recai sobre uma afinidade teórica comum com o pensamento de Gilles Deleuze e Félix Guattari e na procura por enfrentar os desafios surgidos pela utilização de uma metodologia para investigações sobre processos de produção de subjetividade. O foco central de suas contribuições é a incorporação do aspecto móvel e relacional das formas de vida, a partir de uma postura que se contrapõe à ideia de pesquisa baseada em um conjunto de regras pré-estabelecidas. O princípio desta cartografia é, assim, um antipricípio, pois obriga o cartógrafo a estar sempre mudando de princípios.

Alguns Autores: Suely Rolnik; Tania Mara Galli Fonseca; Vitor Martins Regis; Eduardo Passos; Virgínia Kastrup; Liliana da Escóssia; Silvia Tedesco.

  • Cartografia Social

Diversos trabalhos nesta corrente têm como intuito a aplicação de técnicas de mapeamento participativo, a partir da discussão de temas sobre a realidade local, buscando criar condições para que grupos sociais pouco conhecidos possam se auto-cartografar, dando-lhes visibilidade no que diz respeito a sua história, conflitos e reivindicações. Como pano de fundo, questionam as formas hegemônicas de representação do espaço, tornando a cartografia um objeto simbólico que ultrapasse a simples representação dos objetos geográficos que compõem o território, dando ênfase aos conhecimentos associados a seu uso e pela intenção política que preside a sua apropriação, sobretudo em contextos de disputas socioambientais e de embate entre diferentes projetos de desenvolvimento.

Alguns Autores: Alfredo Wagner de Almeida; Emmanuel de Almeida Farias Júnior; Henri Acselrad.

  • Cartografia da Ação

Esta perspectiva parte de um olhar mais voltado para as cidades, ancorado em teorias da Geografia Crítica e do Marxismo como as de Milton Santos, argumentando em prol da incorporação das dimensões do espaço e do território na análise social. A proposta se constitui em torno da elaboração de cartografias construídas pelo conhecimento que surge na cidade enquanto espaço vivido, preenchido de saberes populares e atravessado por conflitos e formas de lutas.

Alguns Autores: Ana Clara Torres Ribeiro; Catia Antonia da Silva; Ivy Schipper; Andrelino de Oliveira Campos.

  • Cartografia das Controvérsias

Essa perspectiva cartográfica se materializa pela aplicação por pesquisadores brasileiros de um conjunto de técnicas elaboradas pelo sociólogo francês Bruno Latour enquanto versão didática da Teoria Ator-Rede (TAR). Esse tipo de pesquisa possui como objetivo fazer um mapeamento dos diversos atores (humanos e não humanos), agenciamentos e associações dispostos em rede a partir de uma determinada controvérsia. Segundo os autores ligados a esta perspectiva uma controvérsia é uma situação onde diferentes atores discordam, ou “concordam em discordar”, sendo, portanto, o momento privilegiado para realizar uma pesquisa pois os embates e organizações do social ainda não se estabilizaram, as redes estão em movimento, permitindo uma visão mais clara de sua dimensão dinâmica.

Alguns Autores: André Lemos; Fernanda Bruno.

  • Cartografia na Arte

A cartografia aparece na arte brasileira de formas muito diversas, entretanto, é possível localizar ao menos dois procedimentos em relação a ela: a apropriação poética de cartografias estabelecidas (com frequente subversão de sentido) e o uso da cartografia como método para práticas artísticas.

Alguns Artistas: Carlos Vergara; Anna Bella Geiger; Lais Myrrha; Mayana Redin; Marina Camargo.

Além da publicação impressa, todos os números da revista estão disponíveis online em: https://dev.integrame.com.br/lugarcomum

ESPECIFICAÇÕES PARA A ELABORAÇÃO DOS ARTIGOS:
http://www.exodo.net/cartografias/?page_id=132

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